'Estamos atordoados', diz irmã de químico morto com mata-leão em Portugal
O brasileiro Amandio Oliveira da Silva Junior, 44, morto ontem em Portugal ao receber um mata-leão durante uma discussão de trânsito, era um homem tranquilo e muito querido por amigos e familiares. Sua irmã por parte de pai, a advogada Amanda Langui Miranda, 37, afirma que ele não era afeito a brigas ou discussões.
Em entrevista ao UOL, ela conta que a família ainda está se adaptando à notícia da morte de Juninho, como ele era chamado. A forma violenta com que ele morreu revoltou quem o conhecia.
"Estamos ainda muito atordoados. Ele era muito amado, muito querido. Não era de brigar, pelo contrário. Ele era daqueles que estava sempre pronto a ajudar quem precisasse dele. Sempre solícito, sempre a postos", declarou Amanda.
O pai, Amandio, de quem Juninho recebeu o nome, ainda não sabe sobre a morte do filho. Ele passou recentemente por uma cirurgia de próstata e ainda se recupera e a família achou por bem poupá-lo da notícia. Ao menos por enquanto.
"Não temos como saber ainda com certeza tudo o que aconteceu, detalhes das circunstâncias. Estou em contato com o consulado do Brasil em Portugal e seguindo todos os trâmites burocráticos para apurarmos as responsabilidades. Até lá, achamos melhor nosso pai não saber o que aconteceu".
Amanda conta que acionou uma tia que mora nos EUA, irmã de seu pai, para ajudar a levantar as informações e providenciar a documentação necessária para o inquérito que irá apurar a morte de Juninho e também para providenciar o traslado do corpo ou da urna funerária com as cinzas. A família criou uma vaquinha para arcar com os custos.
A advogada recebeu a notícia da morte na noite de ontem. Quando ligou para a tia para pedir ajuda, se surpreendeu com o que ela tinha a dizer sobre Juninho.
"Ela deu um grito quando eu contei o que tinha acontecido. Depois ela me falou que não fazia uma hora que ela tinha falado com ele pelo telefone. Ele disse que estava voltando da praia, e que depois ligava para ela. Mas daí aconteceu esse absurdo", afirmou.
Imediatamente, a tia se colocou à disposição para resolver a situação e embarcou no primeiro voo que encontrou para Portugal.
De químico a caminhoneiro
Amanda não sabe dizer exatamente as razões que levaram o irmão a escolher Portugal como morada. Ela conta que, entre os irmãos, a brincadeira era de que ele teria sofrido uma desilusão amorosa séria e partido para o outro país para reconstruir a vida.
Juninho era formado em química pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e morava com a família em Presidente Epitácio (SP), a 646 quilômetros da capital paulista. Há oito anos, decidiu se mudar para Portugal e, segundo a irmã, estava muito feliz e cercado de bons amigos.
"Lá ele trabalhava como caminhoneiro. Ele viajava muito e de vez em quando mandava fotos dos locais pelos quais passava. Ele estava feliz, vivia bem lá. Por isso a nossa indignação e a dos amigos dele é ainda maior", declarou Amanda.
Apesar de não ter tido acesso a detalhes do que aconteceu, a advogada já solicitou o boletim de ocorrência registrado pela polícia de Faro, distrito onde ocorreu o crime. Juninho estava em uma praia perto de casa, na Freguesia da Quarteira, quando o incidente aconteceu.
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Quero receber"Ele estava voltado da praia, como havia contado à minha tia ao telefone. Quando atravessou a faixa de segurança de uma via, um homem numa moto avançou para cima dele. Ele reclamou da atitude do motoqueiro que, de repente, desceu da moto, partiu na direção dele, dando um soco no rosto e, na sequência, um mata-leão que o matou", conta a irmã.
"É um homem de 39 anos, um imigrante que possui residência na França, mas não é francês, e estava de passagem por Portugual. Mas amanhã, com a ajuda da minha tia, descobriremos tudo, sua nacionalidade, onde vive, com o que trabalha. Eu não tenho esperança de que seja feita Justiça, eu tenho certeza que ela será feita", comentou.
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