MP do RJ denuncia chefe de milícia por morte de fundador da Liga da Justiça
O Ministério Público denunciou hoje o homem apontado como o chefe da maior milícia do Rio de Janeiro, acusado de planejar o assassinato do fundador da Liga da Justiça, grupo paramilitar da zona oeste carioca que se tornou uma das maiores organizações criminosas do país.
O que aconteceu
A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo do Rio de Janeiro denunciou Luiz Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, e outras cinco pessoas. Eles são suspeitos de terem participado do assassinato de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e do seu amigo Maurício Raul Atallah, mortos a tiros em agosto de 2022 em ação registrada por câmera de segurança.
Rodrigo dos Santos, o Latrell, e Matheus da Silva Rezende também foram denunciados como mandantes do crime. Alan Ribeiro Soares, Paulo David Guimarães Ferraz Silva e Yuren Cleiton Felix da Silva foram apontados pela denúncia como os autores dos disparos que mataram Jerominho e Atallah.
As vítimas foram atacadas a tiros de fuzil após estacionar um carro em frente a um supermercado. Em seguida, um carro branco aparece e emparelha com o veículo das vítimas. Do veículo, saem três homens encapuzados e armados que efetuam os disparos em uma ação com cerca de dez segundos.
O crime foi motivado pela descoberta de um plano de Jerominho e seu irmão Natalino José Guimarães de retomada do controle da organização, aponta o MP. Ele perdeu o controle da organização criminosa após permanecer preso com o irmão entre 2007 e 2018.
O crime foi perpetrado por motivo torpe, praticado em razão de disputa pelo controle das atividades ilícitas exploradas pela milícia privada que domina a região da zona oeste (...), por disparos de arma de fogo efetuados à curta distância.
Trecho da denúncia do MP do Rio de Janeiro
Quem era Jerominho
Jerominho foi condenado na Justiça por formação de quadrilha, cumpriu pena de dez anos de prisão. Vereador do Rio de Janeiro entre 2000 e 2008, ele era apontado pelas autoridades como o fundador da maior milícia do país, organização criminosa responsável por crimes como homicídios e extorsões ligados à cobrança de taxas de segurança a comerciantes e moradores da zona oeste carioca.
Jerominho e o irmão Natalino estiveram na lista de 226 pessoas indiciadas pela CPI das Milícias, instalada pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), em 2008.
Em entrevista ao UOL em 2020, o policial civil aposentado e ex-vereador planejava um retorno ao meio político e dizia se inspirar no agora ex-presidente Jair Bolsonaro. "Quando assaltadas, as pessoas não vão para a delegacia. Elas me procuram", disse à reportagem na ocasião.
Com mais de 300 mil habitantes, Campo Grande é o bairro mais populoso do país. Localizado a 48 quilômetros do centro, possui o batalhão da PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) com o menor efetivo da capital, na relação com o número de moradores.
A região é apontada pelas autoridades como o berço da maior milícia do país, que começou a aterrorizar o Rio há cerca de 15 anos. Jerominho lembrou do surgimento dos chamados "grupos de autodefesa", formados por policiais que moravam na região, que se uniram para enfrentar o tráfico de drogas.
Uns polícia [sic] têm umas armas. Aí, tem embate. Tem morte, tem tudo. E os traficantes acabam fugindo. A família não vai mais ser esculachada, o comerciante não vai mais ser esculachado. Pronto, conseguiram formar uma milícia. Eu ouvi dizer que foi assim que começou tudo.
Jerominho, em entrevista ao UOL em 2020
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