"Sapatada" representa ódio iraquiano e dá fim melancólico à era Bush, dizem especialistas
A sapatada dada pelo jornalista iraquiano Muntazer al-Zaidi em direção do presidente norte-americano George W. Bush, no último domingo (15) em Bagdá deu um fim melancólico a uma era da política dos Estados Unidos. O acontecimento sintetiza uma mistura de ódio, tristeza e insatisfação iraquiana em relação a Bush e aos Estados Unidos, na opinião de especialistas ouvidos pelo UOL Notícias, no Brasil e nos Estados Unidos.
Bush participava de uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, quando o repórter da TV "Al-Baghdadia", lançou dois sapatos na direção do presidente norte-americano e gritou: "É o beijo de despedida, seu cachorro!"
O ato de fúria é símbolo da insatisfação geral dos iraquianos e, até mesmo, do mundo todo, na opinião da professora Cristina Pecequilo, da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). "É o fim da era Bush. Um fim bem melancólico. Bush está deixando uma sensação de cansaço. E extravasar pode ser democrático", diz.
Em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque para derrubar o governo Saddam Hussein, os iraquianos jogavam seus calçados na direção de uma estátua do ex-ditador. No mundo árabe, jogar o sapato na direção de alguém é algo extremamente ofensivo, já que o calçado está o tempo todo em contato com a sujeira do chão.
"Seis anos depois, o Bush jogou fora a boa vontade que os iraquianos tinham com os norte-americanos e foi alvo de uma 'sapatada'. Ele tornou o sentimento anti-americano mundial", disse o jornalista Sérgio Dávila, colunista do UOL Notícias.
Demonstração pública de ódio e dor
Além de jogar os sapatos na direção de Bush, o jornalista Muntadar al-Zeidi também o chamou de cachorro, que para os árabes, é considerado um animal "sujo". Segundo o professor norte-americano Ian Lustick, da Universidade da Pensilvânia, tanto o insulto quanto a atitude violenta expuseram Bush de forma direta ao ódio e à dor iraquiana, pela primeira vez.
"Nós [os norte-americanos] nunca demonstramos que ligamos muito para os civis iraquianos. Agora, Bush viu diretamente o ódio que eles têm disso", explicou. Mesmo assim, para Lustick, a situação iraquiana melhorou e Bush demostrou na mesma coletiva de imprensa que os Estados Unidos estão propensos a deixar o Iraque.
Ato minimizado
Para o professor Luiz Felipe de Alencastro, da Universidade de Sorbonne em Paris e colunista do UOL Notícias, a "sapatada" possui um simbolismo muito grande, mas não dá para tirar maiores significados do ato.
Além disso, o sentimento implícito na atitude foi mais anti-americano do que anti-Bush. "Não foi um resumo de nada. Se amanhã o Obama estiver lá, também vai levar sapatada", previu.
Alencastro ainda afirmou que o sistema de segurança dos Estados Unidos é muito falho, já que demorou para tomar uma atitude no momento em que o jornalista atirou os sapatos e criticou as manifestações pela libertação do jornalista. "Falar em liberdade de expressão neste caso é uma bobagem. Foi um ato violento."
O jornalista Sérgio Dávila também criticou a atitude do iraquiano. "Os jornalistas não devem ter esse tipo de atitude de repúdio. A crítica tem de ser feita nos textos. Ele fez um ato de um cidadão indignado mas que compromete seu trabalho."
Dávila ainda tentou imaginar o futuro que al-Zeidi, um engenheiro que virou jornalista após a queda de Saddam, terá quando for liberado. "Não duvido que ele vá ganhar um programa de TV ou virar político. Todos são simpáticos a ele", disse.
BUSH SE ESQUIVA DE SAPATADA
Bush participava de uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, quando o repórter da TV "Al-Baghdadia", lançou dois sapatos na direção do presidente norte-americano e gritou: "É o beijo de despedida, seu cachorro!"
O ato de fúria é símbolo da insatisfação geral dos iraquianos e, até mesmo, do mundo todo, na opinião da professora Cristina Pecequilo, da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). "É o fim da era Bush. Um fim bem melancólico. Bush está deixando uma sensação de cansaço. E extravasar pode ser democrático", diz.
Em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque para derrubar o governo Saddam Hussein, os iraquianos jogavam seus calçados na direção de uma estátua do ex-ditador. No mundo árabe, jogar o sapato na direção de alguém é algo extremamente ofensivo, já que o calçado está o tempo todo em contato com a sujeira do chão.
"Seis anos depois, o Bush jogou fora a boa vontade que os iraquianos tinham com os norte-americanos e foi alvo de uma 'sapatada'. Ele tornou o sentimento anti-americano mundial", disse o jornalista Sérgio Dávila, colunista do UOL Notícias.
SAIA-JUSTA NO IRAQUE
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Protesto em Bagdá lembra a tentativa frustrada de atingir Bush
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Jornalista atira os sapatos em Bush e o xinga de "cachorro"
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Premiê iraquiano faz gesto para defender Bush, que não é atingido
Demonstração pública de ódio e dor
Além de jogar os sapatos na direção de Bush, o jornalista Muntadar al-Zeidi também o chamou de cachorro, que para os árabes, é considerado um animal "sujo". Segundo o professor norte-americano Ian Lustick, da Universidade da Pensilvânia, tanto o insulto quanto a atitude violenta expuseram Bush de forma direta ao ódio e à dor iraquiana, pela primeira vez.
"Nós [os norte-americanos] nunca demonstramos que ligamos muito para os civis iraquianos. Agora, Bush viu diretamente o ódio que eles têm disso", explicou. Mesmo assim, para Lustick, a situação iraquiana melhorou e Bush demostrou na mesma coletiva de imprensa que os Estados Unidos estão propensos a deixar o Iraque.
Ato minimizado
Para o professor Luiz Felipe de Alencastro, da Universidade de Sorbonne em Paris e colunista do UOL Notícias, a "sapatada" possui um simbolismo muito grande, mas não dá para tirar maiores significados do ato.
Além disso, o sentimento implícito na atitude foi mais anti-americano do que anti-Bush. "Não foi um resumo de nada. Se amanhã o Obama estiver lá, também vai levar sapatada", previu.
Alencastro ainda afirmou que o sistema de segurança dos Estados Unidos é muito falho, já que demorou para tomar uma atitude no momento em que o jornalista atirou os sapatos e criticou as manifestações pela libertação do jornalista. "Falar em liberdade de expressão neste caso é uma bobagem. Foi um ato violento."
O jornalista Sérgio Dávila também criticou a atitude do iraquiano. "Os jornalistas não devem ter esse tipo de atitude de repúdio. A crítica tem de ser feita nos textos. Ele fez um ato de um cidadão indignado mas que compromete seu trabalho."
Dávila ainda tentou imaginar o futuro que al-Zeidi, um engenheiro que virou jornalista após a queda de Saddam, terá quando for liberado. "Não duvido que ele vá ganhar um programa de TV ou virar político. Todos são simpáticos a ele", disse.
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