Topo

Sociólogo defende que debate avance além da ideia de economia verde

Paula Laboissière

Da Agência Brasil, em Porto Alegre

24/01/2012 09h01

O sociólogo português Boaventura Sousa Santos participou de todos os encontros promovidos pelo Fórum Social Mundial (FSM), desde a sua criação, em 2001.

A expectativa para a edição temática deste ano, segundo ele, é que o debate possa ir além da simples ideia de economia verde, abrindo espaço para modelos não capitalistas como a economia solidária.

O Fórum Social Temático 2012 (FST), organizado por grupos de ativistas e por movimentos sociais, insere-se no processo iniciado pelo FSM.

A ideia é criar um espaço de debates preparatórios para a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), agendada para junho, no Rio de Janeiro.

Para Boaventura, o balanço dos primeiros dez anos de discussão é positivo. “Temos hoje movimentos de mulheres em todo o continente e em todo o mundo, temos a Via Campesina, temos movimentos indígenas mais articulados”, disse.

“O Fórum colocou a América Latina no rumo das soluções e não dos problemas”, afirma.

O sociólogo alertou, entretanto, que há sinais preocupantes de que muitos avanços conquistados neste período possam estar em risco.

“É evidente que esta década não vai ser tão brilhante como a primeira [de realização do Fórum Social]”, ressaltou.

Boaventura avaliou ainda que a Rio+20 será nada mais do que uma afirmação do capitalismo, onde serão apresentadas novas formas de investimento sob a “falsa ideia” de que o capitalismo verde é mais sustentável que o capitalismo em vigor.

Ele acredita que o neoliberalismo pode, de alguma maneira, comprometer até mesmo o papel do Brasil enquanto anfitrião da Rio+20.