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Com empate técnico nas pesquisas, Sarkozy e Hollande dividem favoritismo

Fabiana Nanô

Do UOL, em São Paulo

21/04/2012 23h00

Os franceses vão às urnas neste domingo (22) para eleger o presidente que governará, durante os próximos cinco anos, um país marcado pela crise econômica que atinge o continente europeu. No páreo, o presidente e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy (UMP, de centro-direita), e o socialista François Hollande (PS, de centro-esquerda) são os favoritos para o primeiro turno.

Pesquisas de opinião mostram um empate técnico entre os dois, que reúnem cada um 28% das intenções de voto. Em seguida, a ultraconservadora Marine Le Pen (FN, de extrema-direita) tem 15,5% das intenções, um ponto à frente de Jean-Luc Mélenchon (PG, de extrema-esquerda), com 14,5%, segundo o Instituto Ipsos. Em quinto lugar, aparece François Bayrou (MoDem, centro), com 10% das intenções de voto.

Em seguida aparecem a ecologista Eva Joly (EELV, com 2%); o esquerdista Philippe Poutou (NPA, com 1,5%); o direitista Nicolas Dupont-Aignan (DLR, com 1,5%); o direitista Jacques Cheminade (Solidarité et progrès, com 0,5%); e a esquerdista Nathalie Arthaud (LO, sem contagem nas pesquisas).

A popularidade de candidatos pertencentes a partidos extremistas se tornou mais surpreendente quando uma sondagem divulgada pelo instituto CSA, no começo de abril, mostrou que Le Pen tem a preferência do eleitorado jovem de 18 a 24 anos – ela reúne 26% das intenções de voto nessa faixa etária. A explicação para este crescimento pode estar no fato de que os jovens franceses têm encontrado dificuldade para se inserir no mercado de trabalho e estão desiludidos com um país marcado pela crise.

Talvez por isso também a taxa de abstenção para o primeiro turno esteja a 26%, de acordo com uma pesquisa do instituto OpinionWay-Fiducial publicada na quinta (19) --no final de março, o Institut Français d'Opinion Publique divulgou previsão de 32% de abstenção. Ao lado dessa desmobilização, está uma falta de clareza nos programas dos candidatos sobre como enfrentar problemas urgentes tais que a recessão, o desemprego – em 9,4% em 2011 – e o futuro da União Europeia.

Propostas

Tanto Le Pen, de direita, quanto Mélenchon, de esquerda, apontam o fracasso da União Europeia e defendem o fortalecimento da França em detrimento das políticas e avanços do bloco. Le Pen, por exemplo, prega a saída do país do Espaço Schengen – que permite a livre circulação de pessoas na UE – e o retorno às fronteiras nacionais.

Proposta parecida está no programa de Sarkozy – ele defende a revisão dos acordos de Schengen e a possibilidade de saída da França do Espaço caso “nenhum progresso sério seja feito em 12 meses”. Hollande, ao contrário, é favorável apenas a uma renegociação do último tratado europeu de 2011, a fim de incluir “uma intervenção no Banco Central Europeu (BCE) e a criação de um fundo de resgate financeiro”.

A defesa de uma ingerência no BCE e a reformulação do banco – hoje com autonomia e a meta de controlar a inflação –, ao lado da implementação de políticas de crescimento para fazer face à crise econômica, são um dos grandes trunfos de Hollande na campanha presidencial. Sarkozy, que no início pregava políticas de austeridade, passou a defender as mesmas propostas do socialista.

Ambos diferem, no entanto, quando o assunto é imigração. Sarkozy propõe a redução quase pela metade do número de imigrantes legais – de 180 mil para 100 mil pessoas –, enquanto Hollande prega um debate anual no Parlamento para decidir sobre o número de imigrantes legais. O socialista também defende a regularização de clandestinos com base em critérios como emprego, família e tempo de residência na França.

Mélenchon, por sua vez, acredita na regularização de todos os imigrantes ilegais – o oposto de Le Pen, que propõe a impossibilidade de regularizar clandestinos e a redução em 95% no número de imigrantes legais, de 180 mil para 10 mil pessoas.

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Governo Sarkozy

Em 2010, Sarkozy já havia demonstrado sua forma agir em relação aos imigrantes ilegais – ele ordenou a expulsão sistemática de ciganos, a maioria romenos e búlgaros, de acampamentos na França. Mas esta não foi a única polêmica na qual se viu envolvido.

O presidente foi atingido por várias denúncias de corrupção, entre elas de que teria recebido 150 mil euros durante sua campanha em 2007 de Liliane Bettencourt, herdeira da marca L’Óreal e uma das mulheres mais ricas da França.

Em março deste ano, já em plena campanha à reeleição, ele teve de desmentir informações de que teria recebido dinheiro do ex-ditador da Líbia Muammar Gaddafi para sua campanha eleitoral de 2007.

No entanto, sua popularidade começou a diminuir entre os franceses sobretudo depoisda aprovação da reforma previdenciária de 2010, que aumentou de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria.