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Ativista chinês diz que recebeu ameaça para deixar embaixada americana e quer sair do país

Do UOL, em São Paulo

02/05/2012 12h30Atualizada em 02/05/2012 13h41

O ativista chinês cego Chen Guangcheng disse nesta quarta-feira que foi informado de que as autoridades chinesas matariam sua mulher se ele não deixasse a embaixada americana em Pequim, na China.

Em uma entrevista por telefone do quarto do hospital para onde foi levado na noite desta quarta-feira, Chen disse à Associated Press que os oficiais americanos retransmitiram a ameaça do lado chinês.

Chen Guangcheng escapou de sua casa em 22 de abril, após passar mais de um ano e meio confinado em prisão domiciliar e buscou refúgio na embaixada americana em Pequim, onde ficou durante seis dias até deixar o local, nesta quarta-feira.

Chen concordou em deixar a embaixada após ter garantido que receberia auxílio médico e que poderia reencontrar a família. Agora, ele diz que quer deixar o país por temer por sua segurança e de sua família.

Oficiais americanos disseram não ter conhecimento da ameaça, mas confirmaram que Chen foi avisado de que sua família seria enviada de volta para casa caso ele permanecesse na embaixada.

A China fez as primeiras manifestações sobre o caso nesta quarta-feira e exigiu um pedido de desculpas dos EUA pelo fato de as autoridades americanas terem permitido a entrada do advogado cego na Embaixada. 

Após uma declaração da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre o compromisso americano com o militante dos direitos civis, o governo chinês pediu que os Estados Unidos parem de "induzir a opinião pública ao erro" em relação ao caso Chen Guangcheng.

"Os Estados Unidos não devem mais continuar a induzir a opinião pública ao erro, e procurar de todas as formas mascarar e jogar sobre os outros suas próprias responsabilidades neste caso", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin.

Ativista passa bem

O advogado de Chen disse que o chinês passa bem e já está ao lado da mulher e dos dois filhos, que, até o momento, também estavam confinados em sua casa na província de Shandong.

O ativista estava escoltado por dezenas de policiais chineses e acompanhado pelo embaixador dos EUA, Gary Locke, e pelo representante de assuntos asiáticos da Secretaria de Estado Americano, Kurt Campbell, que chegou a Pequim no último domingo para mediar o caso.

O advogado cego, famoso por ter denunciado abortos e esterilizações forçadas em mais de 7.000 mulheres em sua província natal, Shandong, cumpriu quatro anos e três meses de prisão por supostamente ter "destruído propriedades e criado alvoroços públicos", uma sentença que, segundo grupos de direitos humanos, foi imposta pelas autoridades locais por vingança contra seu ativismo. (Com Associated Press e EFE)