Oposição síria denuncia massacre de pelo menos 200 pessoas em Tremseh
Pelo menos 200 pessoas morreram nesta quinta-feira (12) em uma operação do Exército sírio contra a cidade de Tremseh, no reduto opositor da província de Hama (centro do país), segundo grupos de oposição do país.
De acordo com o presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, esse pode ser “o maior massacre cometido desde o início da revolução”, em março de 2011, “tendo em vista o pequeno tamanho da cidade”, que possui cerca de 10 mil habitantes.
O número exato de mortos, no entanto, é alvo de divergência entre os grupos de oposição e pode ser muito maior.
Segundo o líder rebelde Abu Mohamad, que comanda um grupo de combatentes no norte de Tremseh, o ataque deixou "mais de 200 mortos". "O Exército e os 'Shabiha' (milicianos pró-regime) iniciaram o bombardeio às 11h de quinta-feira (12) e só pararam às 21h", disse.
Mohamad conversou por telefone com um morador de Tremseh ferido que lhe garantiu que há mais de 200 mortos após o ataque de helicópteros, blindados e baterias de foguetes posicionadas nas colinas que dominam a cidade. "A cidade está cercada e numerosas casas, em chamas. Os habitantes acreditam que o Exército entrará em Tremseh na manhã desta sexta-feira (13) para matar todo mundo", disse.
Já a rede de ativistas Comitês de Coordenação Local elevou o número de vítimas para 220 e indicou que pelo menos 288 morreram nesta quinta-feira (12) em todo o país.
Cidade “vazia”
Um militante residente na província declarou à agência AFP que as forças do regime bombardearam uma mesquita onde estavam refugiados numerosos civis em Tremseh.
Segundo a Comissão Geral da Revolução Síria, mais de 150 corpos teriam sido encontrados, na mesquita e em outros lugares da cidade, que acrescentou que centenas de pessoas ficaram feridas. Desses corpos encontrados, 30 já teriam sido identificados, de acordo com o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman.
Outro militante, que se apresentou à agência AFP como Abu Ghazi, disse que Tremseh "está vazia". "Todo mundo fugiu ou morreu".
"Ao menos 30 veículos do Exército cercaram a cidade. Não havia como sair. Quem tentou fugir foi morto", contou outro militante, chamado Ibrahim. "Após o bombardeio, o Exército entrou (em Tremseh) com armas leves, seguidos por milicianos 'Shabiha' com punhais".
A agência oficial de notícias síria Sana informou que os confrontos envolveram o Exército e um "grupo terrorista" na localidade de Tremseh.
Além disso, diversas famílias buscaram refúgio em zonas próximas por medo dos bombardeios, destacaram os Comitês.
Cerco continua
Segundo o ativista Abu Ghazi, as tropas sírias continuam nesta sexta-feira (13) o cerco à cidade de Tremseh, mas detiveram os bombardeios sobre a cidade, devastada e em situação humanitária de emergência.
Ghazi detalhou que o Exército cercou a cidade na madrugada de quinta-feira (12) com tanques e baterias antiaéreas antes de bombardeá-la, ao tempo que dispararam contra os que tentavam sair da zona.
Apesar dos esforços internacionais, a Síria continua imersa em um espiral de violência que deixou milhares de mortos desde que começaram os protestos contra o presidente do país, Bashar al-Assad, em março do ano passado. (Com AFP e EFE)
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