Natal sem presente e Papai Noel? Como diferentes evangélicos celebram o dia

Apesar de não ser uma unanimidade, o Natal é um período de muita festividade entre a maior parte dos evangélicos no Brasil. O que une essas tradições, apesar de suas divergências doutrinárias, é o reconhecimento de Cristo como o Salvador, e cada comunidade o faz à sua maneira, respeitando as convicções teológicas e culturais que as caracterizam.

Quais igrejas que não comemoram o Natal?

Testemunhas de Jeová e a Congregação Cristã do Brasil. Duas das denominações mais conhecidas, elas rejeitam a prática com base em entendimentos doutrinários e históricos.

O que dizem as Testemunhas de Jeová? O site oficial da denominação argumenta que a Bíblia não faz menção à celebração do nascimento de Jesus, mas sim à sua morte —como exemplificado na Santa Ceia. Para a organização, o Natal com papai Noel e cultura de presentes tem origens pagãs e não é aprovado por Deus. A crença de que a data de 25 de dezembro foi escolhida em um contexto de rituais pagãos, longe do ensino bíblico, leva a denominação a não comemorar o Natal. Além disso, as Testemunhas de Jeová preferem, conforme consta em seu site, focar na pregação e na construção de um relacionamento com Deus ao longo do ano, sem recorrer a celebrações específicas.

O que diz a Congregação Cristã do Brasil? A igreja segue uma doutrina que enfatiza a celebração da morte de Jesus e a Santa Ceia, conforme instruído nas Escrituras. A igreja afirmou ao UOL que Jesus não orientou seus seguidores a comemorarem seu nascimento, mas sim sua morte, a qual é considerada o evento central da salvação. Por isso, a data do Natal, tradicionalmente comemorada em 25 de dezembro, não é celebrada pela congregação, que se abstém de práticas como presentes ou decorações associadas ao período. Questionados se consideram a comemoração do Natal como um pecado, a CCB afirmou que "não concedemos entrevistas de teor doutrinário".

Grande maioria das denominações celebra o Natal

A maioria das igrejas evangélicas adota o Natal como um momento de grande celebração, refletindo o nascimento de Jesus como a chegada da salvação para a humanidade. Cultos especiais, apresentações de corais, cantatas e outros eventos festivos fazem parte das tradições. Também é comum entre igrejas batistas, presbiterianas, metodistas, entre outras, que seus templos sejam enfeitados no período natalino.

Para igrejas presbiterianas, Natal é celebrado com alegria. Sérgio Gini, doutor em ciências sociais, pastor e diretor nacional da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPI) destaca que a liturgia reformada inclui o advento, um período de preparação para o Natal, em que se reflete sobre a vinda de Cristo e a promessa de seu segundo advento. "Para nós presbiterianos, o advento é o momento de profunda reflexão espiritual", diz. Ele afirma que o Natal não se resume à celebração do nascimento de Cristo, mas à renovação da esperança no Reino de Deus.

Árvore natalina tem origem cristã e origem relação com Lutero, diz pastor. Para os presbiterianos, conta Gini, o Natal é também um momento de simbolismo, com a presença de elementos como a árvore de Natal, o presépio e a guirlanda do advento. Gini ainda menciona que, ao contrário do que alguns pensam, "a árvore de Natal, associada erroneamente a rituais pagãos, tem uma origem cristã que remonta a Martinho Lutero, que usava um pinheiro para ensinar sobre a esperança em Cristo".

Na Igreja Metodista, a celebração do Natal também é um momento festivo. A bispa Hideíde Torres afirma que, "embora a denominação não tenha regras rígidas sobre a data, o Natal é amplamente celebrado com cantatas e apresentações culturais". Em algumas igrejas, como ela mesma relatou, as cantatas infantis são tão populares que chegam a ser convidadas pela prefeitura para participar dos eventos oficiais da cidade.

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Igrejas metodistas consideram o nascimento de Cristo um evento digno de ser lembrado e celebrado, diz Torres —embora reconheçam as origens históricas do Natal como um processo de apropriação cultural. A denominação utiliza símbolos típicos da data, como as árvores de Natal e as coroas do Advento, embora evitem figuras como o Papai Noel, para não promover confusão com práticas não cristãs. Para os metodistas, "o Natal é um momento de expressar a alegria pela chegada de Cristo", respeitando as tradições culturais de cada comunidade.

Igreja Batista de Água Branca, liderada pelo pastor Ed René Kivitz se mobiliza para uma campanha especial de natal. Em São Paulo, há mais de 20 anos, a igreja pretende arrecadar fundos para a rede IBAB Solidária que atende milhares de pessoas através dos mais de 50 projetos parceiros da IBAB que atuam em várias partes do Brasil e do mundo.

Outro exemplo de celebração evangélica do Natal acontece em Bauru. A Igreja Vineyard, há cinco anos, exibe a apresentação do Presépio Humano, atração que já virou uma tradição na cidade do interior de São Paulo.

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