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Caminho é difícil, mas leva "a um lugar melhor", discursa Obama ao aceitar nomeação democrata

Do UOL, em São Paulo

07/09/2012 00h24Atualizada em 07/09/2012 01h10

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aceitou formalmente nesta quinta-feira (6) a candidatura pelo Partido Democrata para disputar a reeleição. “Delegados, aceito sua nominação para presidente dos Estados Unidos”, disse na Convenção Nacional do partido, que está sendo realizada em Charlotte, Carolina do Norte.

Obama disse que a disputa presidencial deste ano não será apenas entre dois candidatos ou dois partidos, mas será uma escolha entre duas visões fundamentalmente diferentes do futuro, e pediu mais tempo para resolver os problemas do país.

O presidente candidato admitiu que a esperança anunciada há quatro anos foi afetada pelo desemprego, pela fragilidade da recuperação econômica do país, mas afirmou que os melhores dias para os Estados Unidos ainda estão por chegar. “Essa esperança foi colocada à prova –pelo custo da guerra, por uma das piores crises da história e por um bloqueio político que nos deixou em dúvida se é possível enfrentar os desafios dos tempos atuais”, disse.

“Não vou fingir que o caminho que estou propondo é rápido ou fácil”, disse. “Vocês não me elegeram para que eu dissesse o que vocês querem ouvir. Vocês me elegeram para que eu dissesse a verdade a vocês. E a verdade é, vai levar mais alguns anos para que possamos solucionar os desafios”.

Depois do alerta, acrescentou: ““Mas os Estados Unidos devem saber que nossos problemas podem ser resolvidos. Que nossos desafios podem ser vencidos. O caminho talvez seja mais difícil, mas nos levará a um lugar melhor. E peço que vocês escolham esse futuro”, completou.

“Nunca disse que nossa jornada seria fácil e não vou prometer isso agora. Sim, nosso caminho é difícil, mas ele leva a um lugar melhor”.

Obama falou muito de economia, a principal preocupação dos eleitores, detalhando seu plano para criar “empregos e oportunidades”. “Nos próximos anos, grandes decisões serão tomadas em Washington sobre emprego e economia, impostos e déficit, energia e educação, guerra e paz”, ressaltou. Nesse sentido, pediu apoio aos americanos para buscar “um conjunto de metas para o país”.

Prometeu cortar pela metade as importações de petróleo do país até 2020 e apoiar a criação de 600.000 empregos vinculados ao setor de gás natural ao longo da próxima década. As metas na área de educação são baixar o custo das matrículas nas universidades e contratar 100.000 professores de ciências e matemática em uma década. Também falou em reduzir o déficit público em mais de US$ 4 bilhões nos próximos dez anos.

Ele recorreu até à história americana para defender sua proposta. Disse que arrumar a economia “vai exigir esforço comum, responsabilidade compartilhada, e o tipo de experiência audaciosa e persistente que Franklin Roosevelt adotou durante a única crise pior que a atual”. O democrata Roosevelt assumiu a presidência dos EUA em 1933, período da Grande Depressão. E concebeu o “New Deal”, conjunto de medidas que aumentaram a participação do Estado na economia, criando demanda que levou à recuperação.

Obama também mencionou a crise na Europa, dizendo que ela “deve ser contida”.

A campanha de Romney divulgou uma reação ao discurso de Obama antes mesmo que o atual presidente terminasse de falar. O comunicado aponta que Obama falhou na criação de empregos suficientes para as necessidades do povo americano e falhou no corte do déficit pela metade.  E afirma que a hora não é de “reformular novas promessas”, mas de dar satisfação sobre as promessas já feitas.

"Novatos"

Ao falar sobre política externa, Obama classificou seu adversário, o republicano Mitt Romney, e o vice Paul Ryan, como novatos em política externa e criticou uma gafe cometida por Romney: “Não se pode estar pronto para a diplomacia com Pequim se não se consegue fazer uma visita aos Jogos Olímpicos sem insultar nosso melhor aliado”, disse, referindo-se a declaração de Romney que colocou em dúvida a segurança dos Jogos.

Mencionou ainda outra declaração do republicano: “Não se deve chamar a Rússia de nosso inimigo número um, em vez da Al Qaeda, a menos que você continue preso ao período da Guerra Fria”.

Acrescentou que Romney considerou “trágico o fim da guerra do Iraque e que não nos dirá como ele faria para acabar com a guerra no Afeganistão”. “Eu fiz isso e eu vou fazer”, disse. “Enquanto meu adversário gastaria mais dinheiro em material militar do que nossos militares precisam, eu usarei esse dinheiro que não vamos gastar mais com a guerra para reduzir nossa dívida e criar emprego, construindo pontes, escolas, estradas”.

Obama homenageou as tropas americanas, “uma geração com a qual estamos sempre em dívida”, e afirmou que depois de duas guerras que custaram milhões de vidas e quase US$ 3 bilhões, é a hora de investir no país.

Ainda falando sobre guerras, apontou a morte do líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, como uma das conquistas de seu governo. Ressaltou ainda que em países como a Líbia e o Sudão do Sul, os Estados Unidos contribuíram para a promoção dos direitos humanos e da dignidade dos cidadãos, independente de serem mulheres, homens, cristãos, muçulmanos ou judeus.

No entanto, ponderou que ainda é preciso deter as conspirações terroristas e também as aspirações nucleares do regime iraniano, enfatizando seu compromisso com aliados como Israel. “Temos fortalecido velhas alianças e estabelecido novas alianças para deter a ameaça nuclear”, acrescentou.

O Irã é acusado de tentar desenvolver armas nucleares, mas nega, dizendo que seu programa nuclear tem fins pacíficos. (Com agências internacionais)