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Câmara expulsa deputado da oposição russa por críticas ao governo

O deputado Gennady Gudkov mostra a placa com seu nome após a sessão que definiu a sua expulsão da Câmara, nesta sexta-feira (14), por ter irritado o Kremlin com suas críticas ao governo russo - Sergei Karpukhin/Reuters
O deputado Gennady Gudkov mostra a placa com seu nome após a sessão que definiu a sua expulsão da Câmara, nesta sexta-feira (14), por ter irritado o Kremlin com suas críticas ao governo russo Imagem: Sergei Karpukhin/Reuters

Do UOL, em São Paulo

14/09/2012 09h08

Um ex-agente da KGB e atual deputado e líder da oposição na Rússia, foi destituído do cargo nesta sexta-feira (14). Gennady Gudkov, 56, teria irritado o Kremlin com suas críticas e envolvimento em protestos de rua contra o presidente Vladimir Putin.

Após a decisão, Gudkov disse que sua expulsão foi uma “vingança política e uma repressão extrajudicial”.

A votação terminou com 293 votos a favor da expulsão e 150 contra, com uma abstenção. Fora da Câmara, Gudkov perde a imunidade parlamentar, e seus partidários temem que ele possa ser preso. Aliados temem que a expulsão de Gudkov da Câmara abra caminho para a ação semelhante contra os demais parlamentares da oposição.

Gudkov, assim como Putin, é um veterano da KGB e não é visto pelo governo como um manifestante comum. Robusto, Gudkov é uma figura marcante entre jovens ativistas, com quem já se juntou em diversos protestos pedindo a renúncia de Putin. Ele era vice-presidente do comitê de segurança do Parlamento e mantinha boas relações com altos funcionários em agências de segurança russas policiais.

Gleb Pavlovsky, ex-político e atual consultor do Kremlin, disse que teme que o exemplo de Gudkov possa encorajar outros membros da elite da política russa para se juntar à oposição. Ele define o comportamento Gudkov como "um espectro da divisão na elite da qual o Kremlin tem tanto medo”.

Stanislav Belkovsky, analista político que teve ligações estreitas do governo, disse que o Kremlin tem visto Gudkov como um traidor que precisa ser punido. "Por muitos anos, Gudkov integrou o sistema de governo e de negócios de Putin”, disse Belkovsky em entrevista à rádio Ekho Moskvy. "Putin não perdoa traição", completou.

Gudkov, que trabalhou na KGB de 1981 a 1992, tornou-se parlamentar em 2001. Inicialmente, ele era um membro do Rússia Unida, o partido dominante no Kremlin, até que em 2007 mudou para a Rússia Justa, outro partido criado pelo Kremlin, mas que se inclinou mais para a oposição nos últimos anos.

Foi acusado pelo Kremelin de ter negócios irregulares, no ramo de construção, o que ele alega ser uma perseguição, já que as acusações vieram após seus protestos contra o governo.

"Se o parlamento votar para isso [em referência à sua expulsão], quer dizer que a Rússia não tem parlamento”, disse Gudkov.

O deputado comunista Vladimir Pozdnyakov disse que vê a expulsão e Gudkov como uma forma de colocar pressão sobre todos os legisladores. "Não temos nenhuma garantia agora que qualquer outro deputado não vai acabar neste moedor de carne", disse ele.

"Eles estão me expulsando da Duma porque têm medo da verdade, medo da crítica e da minha posição", disse Gudkov. "Chegamos muito perto da fronteira que separa um regime autoritário de uma ditadura", declarou.  (Com Associated Press)