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Dezoito morrem em ofensiva final na Argélia, diz agência estatal

Do UOL, em São Paulo

19/01/2013 13h17Atualizada em 19/01/2013 16h08

Forças especiais da Argélia lançaram, neste sábado (19), uma ofensiva contra os rebeldes islâmicos que mantinham reféns estrangeiros em uma usina de gás no deserto argelino.

Entenda o caso

Em 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali e interveio militarmente na nação africana, a pedido do governo local. O objetivo era combater grupos extremistas que controlam várias regiões do país, sobretudo no norte. Para a intervenção, a França obteve apoio da ONU e da Otan, além de apoio logístico de vários países europeus --entre eles o Reino Unido-- e dos Estados Unidos.

 

No dia 13, a Argélia permitiu que a França utilizasse seu espaço aéreo para intervir no norte do Mali. Em retaliação, um grupo extremista sequestrou um campo de gás em In Amenas, no centro-leste da Argélia. O campo de gás é controlado por um consórcio formado pela argelina Sonatrach, a britânica BP e a norueguesa Statoil, e produz gás equivalente a 160 mil barris de petróleo por dia, mais de um décimo da produção total da Argélia.

 

Na quinta-feira (17), uma operação do Exército argelino para retomar o controle do campo de gás teria matado 49 pessoas, sendo 34 reféns e 15 rebeldes. As informações sobre mortos, no entanto, são imprecisas. Também não foi confirmado ainda quantos reféns estão vivos e quantos conseguiram fugir. Agências de notícias dizem que mais de 600 escaparam. Do lado dos rebeldes, os números também divergem. Uma fonte de segurança argelina afirmou que 18 extremistas morreram na ação das forças oficiais. A operação do Exército para a tomada de controle total do campo continua.

Na ação, morreram 11 sequestradores e sete reféns estrangeiros, informou a agência de notícias oficiais do país, a APS.

Segundo o jornal argelino "El Watan", que citou fontes oficiais, os sequestradores teriam matado os reféns e, depois, foram mortos pelos integrantes das forças de segurança.

Entre 25 e 27 reféns estrangeiros e argelinos foram mortos desde o início da invasão ao campo de gás, na quarta-feira (16). O ataque foi comandado por um grupo que se identifica como "Aqueles que assinam com sangue", do argelino Mokhtar Belmokhtar, um dos fundadores da rede terrorista Al Qaeda no Magreb Islâmico.

Inicialmente centenas de pessoas, entre argelinos e estrangeiros, tinham sido feitas reféns pelos extremistas. Os sequestradores enfrentaram um primeiro ataque do Exército na quinta-feira.

Cerca de 600 reféns conseguiram fugir ou foram libertados pelas forças argelinas. Segundo as autoridades, desse total, 132 eram estrangeiros. 

Nacionalidade dos reféns mortos ainda é incerta

O grupo terrorista havia informado, na sexta-feira, que mantinham em cativeiro três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico. Porém, a Bélgica informou não ter nenhum indicio da presença de belgas entre os reféns.

De acordo com o relato do jornal argelino "El Watan", os terroristas perderam qualquer esperança de sair do local com os sete reféns, e começaram a matá-los, o que teria levado as forças especiais do Exército a intervir.

A mesma fonte ouvida pelo "El Watan" afirmou que os terroristas tinham decidido se suicidar coletivamente e que, na quarta-feira, já tinham tentado incendiar parte das instalações, mas os operários do complexo conseguiram controlar o fogo.

Crise no Mali atinge a Argélia

Comunidade internacional faz apelo

Antes da ação final das forças argelinas, representantes de vários países tinham feito um apelo ao governo local. Eles pediam que a Argélia tomasse todas as medidas possíveis para garantir a segurança dos reféns.

Os governos dos Estados Unidos e do Japão pediram que a vida dos reféns fosse prioridade máxima do governo argelino.

O Conselho de Segurança da ONU condenou o incidente, e afirmou que a tomada de reféns na Argélia destaca a necessidade de levar a julgamento os responsáveis pela invasão e sequestro, assim como os organizadores da ação e os financiadores do grupo.

Britânicos desaparecidos

O destino de pelo menos dez britânicos ainda é desconhecido, disse o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague.

"Até agora, há pelo menos dez britânicos em risco ou desaparecidos, mas isso significa claramente que precisamos continuar a nos preparar para notícias ruins", disse Hague, em um pronunciamento na televisão.

Hague disse que falou com autoridades argelinas para ressaltar a necessidade de informações corretas e atualizadas sobre o desdobramento da crise no complexo.

(Com Reuters, Efe e AFP)