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Governo argelino diz que 23 reféns e 32 sequestradores morreram em campo de gás desde quarta-feira

Do UOL, em São Paulo

19/01/2013 17h38

O Ministério do Interior da Argélia anunciou neste sábado (19) que 23 reféns foram mortos desde quarta-feira, quando um grupo extremista sequestrou um campo de gás localizado em In Amenas, no leste do país. O Exército argelino finalizou hoje a operação para retomar o controle da jazida. Do lado dos sequestradores, 32 foram mortos.

Entenda o caso

Em 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, intervindo militarmente na nação africana, a pedido do governo local. O objetivo é combater grupos extremistas que controlam várias regiões do país, sobretudo o norte. Para a intervenção, a França obteve apoio da ONU e da Otan, além de apoio logístico de vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos.

No dia 13, a Argélia permitiu que a França utilizasse seu espaço aéreo para intervir no norte do Mali, o que levou um grupo extremista a sequestrar um campo de gás em In Amenas, no centro-leste da Argélia. A ação foi uma represália à decisão do governo local. O campo de In Amenas é controlado por um consórcio formado pela argelina Sonatrach, a britânica BP e a norueguesa Statoil, e produz gás equivalente a 160 mil barris de petróleo por dia, mais de um décimo da produção de gás da Argélia.

Na quinta-feira (17), o Exército argelino realizou uma primeira operação para retomar o controle do campo. Um bombardeio das forças oficiais deixaram um número indeterminado de mortos e feridos. Finalmente, no sábado (19), terminou a operação do Exército. O Ministério do Interior declarou que 23 reféns e 32 sequestradores morreram.

As forças argelinas conseguiram libertar 685 empregados argelinos e 107 estrangeiros, informou ainda o ministério, citado pela agência APS.

Hoje, a operação final do Exército terminou com 11 sequestradores e sete reféns mortos. Segundo o jornal argelino "El Watan", que citou fontes oficiais, os extremistas teriam matado os reféns e, depois, foram mortos pelos integrantes das forças de segurança.

O ataque foi comandado por um grupo que se identifica como "Aqueles que assinam com sangue", do argelino Mokhtar Belmokhtar, um dos fundadores da rede terrorista Al Qaeda no Magreb Islâmico. Os sequestradores enfrentaram um primeiro ataque do Exército na quinta-feira.

Nacionalidade incerta

O grupo terrorista havia informado, na sexta-feira, que mantinham em cativeiro três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico. Porém, a Bélgica informou não ter nenhum indicio da presença de belgas entre os reféns.

De acordo com o relato do jornal argelino "El Watan", os terroristas perderam qualquer esperança de sair do local com os sete reféns, e começaram a matá-los, o que teria levado as forças especiais do Exército a intervir.

A mesma fonte ouvida pelo "El Watan" afirmou que os terroristas tinham decidido se suicidar coletivamente e que, na quarta-feira, já tinham tentado incendiar parte das instalações, mas os operários do complexo conseguiram controlar o fogo.

Crise no Mali atinge a Argélia

Comunidade internacional faz apelo

Antes da ação final das forças argelinas, representantes de vários países tinham feito um apelo ao governo local. Eles pediam que a Argélia tomasse todas as medidas possíveis para garantir a segurança dos reféns.

Os governos dos Estados Unidos e do Japão pediram que a vida dos reféns fosse prioridade máxima do governo argelino.

O Conselho de Segurança da ONU condenou o incidente, e afirmou que a tomada de reféns na Argélia destaca a necessidade de levar a julgamento os responsáveis pela invasão e sequestro, assim como os organizadores da ação e os financiadores do grupo.

Britânicos desaparecidos

O destino de pelo menos dez britânicos ainda é desconhecido, disse o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague.

"Até agora, há pelo menos dez britânicos em risco ou desaparecidos, mas isso significa claramente que precisamos continuar a nos preparar para notícias ruins", disse Hague, em um pronunciamento na televisão.

Hague disse que falou com autoridades argelinas para ressaltar a necessidade de informações corretas e atualizadas sobre o desdobramento da crise no complexo.

(Com Reuters, Efe e AFP)