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Cameron anuncia referendo sobre a UE; França e Alemanha defendem permanência

O primeiro-ministro britânico David Cameron - Matt Dunham/AP
O primeiro-ministro britânico David Cameron Imagem: Matt Dunham/AP

Do UOL, em São Paulo

23/01/2013 12h29Atualizada em 23/01/2013 13h57

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta quarta-feira (23) a pretensão do governo de realizar um referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia, que hoje reúne 27 nações do continente europeu.

A data exata ainda não foi definida, mas deve ser entre 2015 e 2017. Cameron, que está em campanha para o mandato 2015-2019, propôs a manutenção do país no bloco sob duas condições: a reforma da União Europeia e a renegociação das relações com o Reino Unido. Ele quer mais abertura e flexibillidade.

"Se não respondermos aos desafios, a Europa pode fracassar e o Reino Unido se dirigir para a saída", disse texto prévio do premiê. "Quero que a Europa seja um sucesso".

O vice-premiê britânico, Nick Clegg, reagiu contra o referendo. Para ele, a proposta enfraquece ainda mais a recuperação econômica do país. "Anos e anos de incerteza por causa de uma renegociação do nosso lugar na Europa não está no interesse nacional. A maior prioridade do povo britânico é emprego, crescimento, uma economia forte", disse Clegg à BBC.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, classificou hoje o projeto como perigoso. "Não se pode fazer uma Europa à la carte, queremos que os britânicos forneçam elementos positivos à Europa", disse Fabius. "Suponhamos que a Europa fosse um clube de futebol: quando você adere ao clube, não pode dizer, uma vez dentro, que vai jogar rugby", explicou.

A Alemanha deseja que o Reino Unido permaneça no bloco, declarou o ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle.

Mercado único

A nova relação do Reino Unido com a União Europeia (UE), seu primeiro sócio comercial, deve ter o mercado único como tema central, disse o primeiro-ministro conservador, sem fornecer elementos precisos sobre o novo acordo.

"E quando tivermos negociado este novo acordo, daremos ao povo britânico um referendo com uma opção muito simples de dentro ou fora", acrescentou em seu muito adiado discurso sobre a Europa, esperado desde o último verão no hemisfério norte.

O tom de Cameron foi de conciliação. Ele disse que compreende a impaciência dos que cobram mais ações da União Europeia e destacou as vantagens econômicas do mercado comum, apesar da crise na zona do euro, com 17 países que adotam a moeda única.

Porém, o britânico tem reclamado das medidas do bloco sobre emprego, regulamentação social, polícia e justiça. Também reivindica mais isenções para o Reino Unido. (Com AFP e Agência Brasil)