Motim em prisão deixa ao menos 50 mortos e dezenas de feridos na Venezuela
Pelo menos 54 pessoas morreram e outras 90 ficaram feridas, nesta sexta-feira (25), durante uma rebelião na prisão de Uribana, no Estado venezuelano de Lara. A informação foi dada à agência AFP pelo diretor do hospital central Antonio María Pineda, Ruy Medina, que atendeu as vítimas.
“Por volta das 20h (hora local), contabilizamos por volta de 90 feridos, a maior parte deles por tiro, e uma cifra verdadeiramente alarmante de pelo menos 50 mortos”, disse Medina.
Ainda de acordo com o diretor do hospital, até o momento, ao menos 14 feridos foram operados na unidade de saúde.
Segundo a ministra dos Assuntos Penitenciários do país, Iris Varela, há detentos e também policiais e carcereiros entre os feridos. Ela também adiantou que será divulgado um relatório detalhado da situação tão logo as autoridades consigam retomar o “controle absoluto” do presídio.
Imagens divulgadas pela imprensa local mostram barricadas da Guarda Nacional em frente à prisão, presos sendo socorridos com roupas ensanguentadas e parentes dos detentos --a maioria mulheres --chorando à espera de notícias.
Revista teria motivado motim, e ministra culpa a imprensa
Mais cedo, a ministra Iris Varela chegou a dizer na TV estatal venezuelana que uma revista para busca e apreensão de armas no presídio teria motivado a revolta de um grupo de presos armados, que, segundo ela, “atacaram as tropas da Guarda Nacional”, deixando com “um saldo lamentável de afetados”, que a ministra não especificou.
Ainda de acordo com a ministra, a operação para o que ela chama de “desarmamento total” do presídio foi deflagrada depois que as autoridades tomaram conhecimento de uma guerra para “ajuste de contas” entre gangues rivais que disputavam o controle do centro de detenção.
Em sua fala, a ministra Isis Varela ainda culpou alguns canais privados de TV, que, segundo ela, “espalharam” a notícia da operação antes que ela realizada.
Oposição critica governo
No Twitter, o líder de oposição Henrique Capriles, que disputou com Hugo Chávez a última eleição para a presidência do país, culpou o governo pelo incidente, o qual chamou de “massacre”.
“Quem vão culpar por esse novo massacre em um presídio do nosso país? Governo incapaz e irresponsável”, disse Capriles. Ainda de acordo com o opositor, ele estaria recebendo ligações de familiares de presos “desesperados”.
O diretor da ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), Humberto Prado, por sua vez, lamentou que o "Estado venezuelano ainda não tenha assumido a responsabilidade pelos fatos" e, em contrapartida, "culpa a mídia”. Humberto Prado lembrou ainda que a prisão de Uribana está sob a tutela provisória do Tribunal de Direitos Humanos (CIDH) desde 2006.
“A corte Interamericana ordenou ao país que um preso não pode morrer mais no centro de detenção, mas, infelizmente, o estado venezuelano fracassou e, por causa disso, ocorre um episódio de grave de violência", disse Prado.
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