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Polícia encontra pornografia infantil em computador de acusado por sumiço de April Jones

Mark Bridger, um morador de 47 anos da cidade de Machynlleth, é o principal suspeito de envolvimento no sumiço de April Jones, 5, desaparecida desde 1º de outubro de 2012 - Dyfed-Powys Police/Reuters
Mark Bridger, um morador de 47 anos da cidade de Machynlleth, é o principal suspeito de envolvimento no sumiço de April Jones, 5, desaparecida desde 1º de outubro de 2012 Imagem: Dyfed-Powys Police/Reuters

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 16h32

A polícia que investiga o caso de April Jones, desaparecida desde 1º de outubro de 2012 no Reino Unido, disse nesta terça-feira (30), durante o primeiro dia do julgamento de Mark Bridger, 47, que encontrou imagens da estudante de cinco anos e de pornografia infantil no computador do suspeito, como aponta a reportagem do tabloide britânico "Daily Mail"

"Bridger tem um claro interesse em pornografia infantil e em casos de assassinato de crianças", relatou o promotor Elwen Evans, ao avaliar o conteúdo encontrado no computador do acusado e ao relacionar a prática do crime a "motivos sexuais".

Ao justificar as ligações do suspeito com o crime, como destacou o jornal britânico "The Guardian", Evans afirmou ainda ter encontrado sangue de April na sala de estar, no hall e no banheiro da casa de Bridger, além de fragmentos de ossos queimados, que a polícia acredita ser do crânio da garota.

A promotoria mostrou aos jurados uma foto da casa de Bridger, com destaque  para os lugares onde o sangue e o DNA de April foram encontrados. "Esta é a casa onde o sangue e os fragmentos ósseos foram encontrados. Essa casa está situada em Mount Pleasant, há três quilômetros de Machynlleth e muito próxima de um rio", afirmou o promotor, que acrescentou que os esforços do réu para limpar o DNA da criança de sua casa falharam.

"Bridger teia feito uma extensa limpeza para tentar se livrar de qualquer evidência, o que incluiu a eliminação do corpo de April e de todas as suas roupas", disse o promotor. Ainda assim, segundo ele, seus esforços não foram suficientes. A "concentração" de sangue foi encontrado na frente de sua lareira, perto de uma série de facas entre elas uma 'faca de desossar'.

O suspeito, segundo o promotor, era um "experiente homem abate" que sabia como usar facas. Mas a acusação enfatizou que o suspeito teria mentido sobre sua carreira militar.  "O réu disse às pessoas que ele teve uma carreira nas forças armadas e que tinha se destacado durante o serviço militar. Ele simplesmente nunca serviu no Exército." Bridger, como apontou a acusação, trabalhava em um matadouro, entre 2009 e 2012. E na época do desaparecimento de April, o suspeito estava trabalhando em um albergue. 

Entre as provas contra o réu, a acusação também citou o depoimento da melhor amiga de April, que disse ter visto a vítima "feliz e sorridente" entrar na Land Rover do suspeito perto de sua casa em Machynlleth, no Reino Unido.

O corpo de April nunca foi encontrado. Mas, segundo Evans, o próprio suspeito teria admitido que levou a garota embora e que ela estaria morta.

Em sua defesa, Bridger afirmou ter atropelado a garota com sua Land Rover, colocado-a em seu carro e a teria levado para os arredores da aldeia para se livrar do corpo. Porém, o suspeito disse que não conseguia se lembrar do que aconteceu depois disso, pois estava muito bêbado.

A promotoria contestou a defesa. "Bridger sequestrou April. Ele a matou para tentar encobrir o que tinha feito. Suas ações foram sexualmente motivadas. Ele sabe muito bem o que fez com a garota, mas opta por não dizer", disse Evans. "Ele está jogando e fingindo não saber o que fez com ela. É um jogo para tentar se salvar", acrescentou.

Durante a abertura do julgamento, segundo o jornal britânico "Daily Mail", Bridger soltou algumas lágrimas no banco dos réus ao ouvir a ligação da mãe de April ao disque-denúncia. Entre soluços e gritos, Coral Jones disse ao policial: "Por favor, por favor... minha filha foi raptada, minha filha...".

As lágrimas, no entanto, não pareceram comover a acusação. "Além de pornografia infantil e fotos de meninas, o réu também tinha interesse no assassinato de crianças e casos de estupro. E você [o júri] terá que decidir se a menina de cinco anos foi sequestrada e assassinada ou atropelada acidentalmente." O julgamento de Bridger pode durar sete semanas, segundo o juiz.

O caso 

April, de cinco anos, andava de bicicleta e brincava com os amigos perto de sua casa na cidade de Machynlleth, quando outras crianças a viram entrar em uma caminhonete, aparentemente por vontade própria, na tarde do dia 1º de outubro do ano passado.

Bridger, 47, foi preso no dia seguinte como suspeito do sequestro da menina. Ele foi acusado formalmente por três crimes: "sequestro, interferência na justiça e assassinato".
 
O caso da menina comoveu a tranquila cidade do centro de Gales, onde centenas de moradores se uniram para auxiliar nas buscas pelos bosques. O corpo da criança não foi encontrado.