Topo

Ninguém está ouvindo seus telefonemas, afirma Obama sobre grampos

Obama: grampo é mal necessário, e Congresso sabe - Jewel Samad/AFP
Obama: grampo é mal necessário, e Congresso sabe Imagem: Jewel Samad/AFP

Do UOL, em São Paulo

07/06/2013 13h23

O presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu nesta sexta-feira (7) o programa do governo que grampeou milhões de números de telefones nos EUA.

"Ninguém está ouvindo seus telefonemas. Não é sobre isso que é o programa", afirmou o americano, para quem "isso nos ajuda a obter pistas de possíveis terroristas". "Você pode reclamar sobre o (clima) de Grande Irmão ("Big Brother"),  mas, quando olha os detalhes, vê que conseguimos equilibrar isso bem."

A história foi revelada pelo jornal britânico "The Guardian". Segundo a publicação, o governo americano obteve uma autorização judicial secreta que permite à  Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) monitorar chamadas de milhares de usuários celulares da operadora Verizon. Posteriormente, o jornal americano "Washington Post" publicou que os EUA tinham acesso direto aos dados dos servidores das gigantes de tecnologia Apple, Facebook, Google e Microsoft. As empresas negam a história.

Segundo Obama, o papel das agências de inteligência do governo é olhar números, transferências de dados e chamadas. Isso não dá a elas, disse, o direito de escutar o conteúdo de chamadas, ler e-mails ou identificar nomes de pessoas. "Para isso, eles teriam de ir a um juiz federal (para conseguir autorização)", disse o presidente americano. 

O sigilo da operação servia para evitar colocar vidas em risco desnecessariamente, segundo Obama. Até então o presidente dos EUA não havia se pronunciado sobre a notícia. Nesta sexta-feira (7), ele comentou o assunto ao responder à pergunta de uma jornalista durante uma cerimônia na Califórnia.

De novo o Congresso

Como fez ao defender o uso de drones (veículos aéreos não tripulados) em ações que mataram militantes da Al Qaeda e ao menos quatro civis americanos, Obama de novo envolveu o Congresso em sua explicação para as denúncias recentes. Segundo o presidente, políticos dos dois partidos foram "amplamente informados" sobre o programa de monitoramento de dados.

"Se algum político pensa diferente, deveria falar." O presidente dos EUA acrescentou que o Judiciário do país tem instrumentos para impedir que haja abusos no programa - o que, ele repetiu, não houve.

Temos juízes que não se submetem a pressões e foram empossados para olhar sobre nossos ombros. Eles têm um sistema (que coíbe abusos) que garante que não haja abusos.

"Não se trata de dizer “confie em mim, sabemos quem são os caras maus”. Mas se as pessoas não desconfiarem só do Executivo, mas também do Legislativo e do Judiciário, teremos problemas", disse Obama.