Líder supremo da Irmandade Muçulmana é preso no Egito
O líder supremo e guia espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, foi preso na noite de quarta-feira (3) em Marsa Matrouh, uma cidade costeira próxima à fronteira com a Líbia, informaram autoridades nesta quinta (4). O líder islâmico estava hospedado em um resort.
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O Ministério Público do Egito havia ordenado a detenção dos principais líderes da organização política, ligada ao presidente deposto Mohamed Mursi, acusados de instigar o assassinato de manifestantes que protestavam de maneira pacífica contra o governo.
Segundo a agência oficial "Mena", o promotor Ahmed Ezzeldin disse que foi comprovado a veracidade dos depoimentos que indicam que Badie e seu braço-direito, Jairat al Shater, incitaram o assassinato de manifestantes que protestavam em frente à sede do grupo no Cairo.
Um dos líderes da Irmandade Muçulmana, Mohamed Beltagy disse nesta quinta que o grupo não irá "pegar em armas", mas não aceita o "regime militar" egípcio.
O novo presidente interino do Egito, Adly Mansur, 68, afirmou em um discurso durante cerimônia de juramento que a Irmandade Muçulmana faz parte do povo e é bem-vinda para ajudar a "construir a nação", noticiou a página na Internet do jornal estatal Al-Ahram.
"O grupo Irmandade Muçulmana é parte deste povo e está convidado a participar na construção da nação, já que ninguém ficará excluído, e caso respondam ao convite, serão bem-vindos", disse ele.
Mursi está detido
Mohamed Mursi foi levado na madrugada desta quinta para o prédio do ministério da Defesa.
"Mursi foi separado de sua equipe e conduzido ao ministério da Defesa", disse Gehad al-Haddad, membro da Irmandade Muçulmana, à agência AFP.
Localização do Cairo
O Exército egípcio confirmou na madrugada que deteve "preventivamente" o presidente, segundo informou uma fonte militar à agência AFP, mas não deu mais detalhes sobre o paradeiro dele.
"[Mursi] está detido preventivamente", afirmou o militar, que pediu anonimato, e sugeriu que Mursi pode enfrentar acusações de opositores.
Mais cedo, Al-Haddad havia informado que "Mursi e toda sua equipe presidencial" estavam detidos "no clube da Guarda Republicana da presidência".
O Exército deteve na quarta (3) vários dirigentes da Irmandade Muçulmana, base do regime de Mursi, segundo o jornal "Al-Ahram".
Entre os detidos estão Saad al-Katatni, chefe do Partido da Liberdade e Justiça (PLJ) --braço político da Irmandade Muçulmana-- e Rached Bayoum, um dos dignitários religiosos do grupo.
As forças de segurança egípcias receberam ordens para prender 300 membros da Irmandade Muçulmana, revelou o "Al-Ahram".
ENTENDA A CRISE NO EGITO
O que aconteceu? | O comandante-geral do Exército, o general Abdul Fattah al-Sisi, declarou na TV que a Constituição foi suspensa e que o presidente da Suprema Corte assumiria poderes presidenciais, na prática derrubando o presidente Mohammed Mursi. Com isso, Adli Mansour comanda o governo interino formado por tecnocratas até que eleições presidenciais e parlamentares sejam convocadas. No Twitter, Mursi chamou o pronunciamento de "golpe completo categoricamente rejeitado por todos os homens livres de nossa nação". Soldados e carros blindados rondam locais importantes do Cairo enquanto centenas de milhares de manifestantes protestam nas ruas. |
O que motivou a crise? | O descontentamento começou em 2012, quando Mursi, 1º presidente democraticamente eleito do Egito, deu a si mesmo amplos poderes numa tentativa de garantir que a Assembleia Constituinte concluísse a nova Constituição. Desde então, houve uma cisão política no país. De um lado, Mursi e a Irmandade Muçulmana; de outro, movimentos revolucionários e liberais. Quando a nova Constituição, polêmica e escrita por um painel dominado por islamitas, foi aprovada às pressas, as manifestações em massa tomaram as ruas, e Mursi acionou o Exército. Mas enfrentamentos continuaram, deixando mais de 50 pessoas mortas. Diante da pressão, os militares deram um ultimato ao presidente, que tinha 48 horas para atender às demandas populares. Mursi insistiu que ele era o líder legítimo do Egito, e houve intervenção. |
Qual o caminho traçado pelos militares? | Após encontro de líderes políticos, religiosos e jovens, o general Sisi disse que o povo clamava por "ajuda" e que os militares "não podiam permanecer em silêncio". Ele disse que o Exército fez "grandes esforços" para conter a situação, mas o presidente não atendeu "às demandas das massas" e era hora de por "fim ao estado de tensão e divisão". Como a nova Constituição era alvo de fortes críticas, ele suspendeu-a temporariamente. O general não especificou quanto tempo duraria o período transitório e o papel que será exercido pelos militares. Ele conclamou a Suprema Corte Constitucional a rapidamente ratificar a lei permitindo eleições para a Câmara Baixa do Parlamento, que está dissolvida, e para a Assembleia Popular. E afirmou que um novo código de ética será expedido. |
- Fonte: BBC Brasil
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