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Dilma e Obama discutiram espionagem em encontro do G20, confirma Casa Branca

Do UOL, em São Paulo

06/09/2013 02h36

A Casa Branca confirmou que Dilma Rousseff e Barack Obama discutiram as recentes denúncias de espionagem à presidente em uma conversa à margem da cúpula do G20 nesta quinta-feira (5), informa a agência Reuters, citando uma autoridade da residência oficial do presidente dos EUA.

A Casa Branca e o Palácio do Planalto já haviam confirmado o encontro, mas não o teor da conversa.

No último fim de semana, uma reportagem da TV Globo denunciou a existência de documentos secretos, vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, que mostram que a inteligência norte-americana teria monitorado conversas entre Dilma e seus principais assessores.

O grampo afetaria também comunicações do presidente do México, Henrique Peña Nieto, segundo a denúncia. Nieto disse durante entrevista na cúpula que conversou com Obama e que este assegurou que vai promover uma "investigação completa".

"Ele me informou de forma clara que ele também está interessado em resolver a questão para que ela não vire algo que eventualmente possa manchar o relacionamento que estamos construindo", disse o presidente mexicano em entrevista à rede de TV local Televisa.

Dilma e Obama se reúnem

O presidente americano, Barack Obama, e Dilma Rousseff se reuniram nesta quinta-feira à noite --horário da Rússia-- em um encontro paralelo à cúpula de chefes de Estado do G20, informou a Casa Branca. "O presidente se reuniu com a presidente Rousseff entre a primeira reunião plenária do G20 e o jantar" de trabalho, acrescentou.

De acordo com o Twitter do Blog do Planalto, a reunião ocorreu logo depois da abertura do evento.

Obama e Dilma chegaram sozinhos nesta quinta ao jantar oficial do G20, e muito atrasados em comparação com os demais chefes de Estado e de governo. O americano caminhava sozinho por volta das 17h50 GMT (14h50 de Brasília), cerca de meia-hora após o restante dos convidados, pela avenida que leva ao palácio de Peterhof.

Pouco antes foi a vez de Dilma passar pelo local, também atrasada. As relações entre Brasil e Estados Unidos foram afetadas pelas recentes revelações da imprensa segundo as quais a presidente brasileira foi alvo de espionagem por agência americana.

Mais cedo, um assessor da Casa Branca havia dito presidente americano deveria se explicar pessoalmente à Dilma "a natureza dos esforços de inteligência" dos EUA, após denúncias de que conversas da brasileira teriam sido espionadas pela NSA (agência nacional de segurança).

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Ben Rhodes, vice-assessor de segurança para comunicações estratégicas da Presidência americana, disse que "a relação com o Brasil é muito importante (para os EUA), não apenas nas Américas, mas no mundo". "Entendemos o quanto isso [a questão de espionagem] é importante para os brasileiros. O que estamos fazendo neste caso, como fizemos desde que as revelações sobre a NSA vieram à tona, é olhar amplamente às alegações e aos fatos", agregou o assessor.

"Coletamos dados de inteligência sobre praticamente todos os países do mundo. Se há preocupações que possamos esclarecer, faremos isso."

Mal-estar

As revelações de espionagem causaram mal-estar relação bilateral e colocaram em dúvida a visita de Estado que Dilma deve fazer aos EUA em outubro. Hoje, o Planalto confirmou que cancelou a ida aos EUA, no sábado (6), de uma equipe brasileira que faria os preparativos da viagem oficial da presidente.

O governo não confirma se a equipe agendará nova data para a viagem.

Na segunda-feira (2), o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, classificou o episódio como "uma inadmissível e inaceitável violação da soberania brasileira" e pediu "explicações formais por escrito" --ainda que adotando cautela quanto a eventuais retaliações brasileiras.

A assessoria do vice-presidente americano, Joe Biden, disse que os EUA "continuarão a trabalhar com as autoridades brasileiras" para explicar as denúncias de espionagem e agregou que "o convite para a visita de Estado da presidente Rousseff reflete o interesse dos EUA em aprofundar esse relacionamento vital".

Por volta das 17h20 GMT (14h20 de Brasília), a maioria dos convidados para o jantar concedido pelo presidente russo, Vladimir Putin, já estavam no imponente edifício, ricamente iluminado para a ocasião.

Nas imagens da televisão foi possível ver, por exemplo, a presidente argentina, Cristina Kirchner, conversando com o anfitrião, ou o presidente francês, François Hollande, conversando com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.

A crise da Síria, que provocou divisões entre os Estados Unidos e a Rússia, toma conta deste G20, deixando em segundo plano a agenda oficial deste encontro dos principais países desenvolvidos e emergentes. Putin anunciou que o tema seria abordado durante o jantar. (Com Reuters)