Topo

Agência do Canadá que espionou Minas e Energia teve encontros secretos com petroleiras, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

09/10/2013 15h51Atualizada em 09/10/2013 16h10

A agência canadense que, segundo denúncias, espionou o Ministério de Minas e Energia participou de encontros secretos em Ottawa, no Canadá, em que agentes secretos deram informações a empresas petrolífereas. A revelação foi feita nesta quarta-feira (9) pelo jornal britânico "The Guardian".

Alvos de espionagem

Telefonemas, e-mails e IPs de computadores de Dilma e seus assessores
Rede privada de computadores da Petrobras
Telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia

No último domingo (6), o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou documentos que mostravam que a Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC, na sigla em inglês) rastreou, com ajuda dos EUA, e-mails, telefonemas e o uso da Internet de funcionários do ministério. As informações foram compartilhadas  com agências de espionagem dos Estados Unidos, da Inglaterra, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.

Os documentos fazem parte do lote vazado por Edward Snowden, ex-técnico de tecnologia da Agência Nacional de Segurança (NSA), e entregues ao jornalista norte-americano Glenn Greenwald. 

Em seu Twitter (@dilmabr), a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar a espionagem praticada pelos Estados Unidos e Canadá. "A denúncia de que Ministério Minas e Energia foi alvo de espionagem confirma as razões econômicas e estratégicas por trás de tais atos", disse uma das mensagens da presidente na última segunda-feira (7).

"A reportagem [do Fantástico] aponta para interesses canadenses na área de mineração. O Itamaraty vai exigir explicações do Canadá", postou Dilma.

De acordo com o "Guardian", agentes da CSEC realizaram reuniões duas vezes por ano, desde 2005, com representantes de ministérios, de agêcias de espionagem e policiais e de diversas companhias que obtiveram acesso privilegiado a documentos de inteligência. 

Oficialmente, as reuniões foram convocadas para tratar de "ameaças" à infraestrutura de energia, mas também cobriram "desafios a projetos de energia por parte de grupos ambientais", "iniciativas de segurança cibernética" e "espionagem corporativa e econômica".

Não há provas de que informações de espionagem internacional tenham sido compartilhadas nesses encontros -- que eram apresentados, porém, como uma oportunidade para a troca de informações extraoficialmente. 

O último desses encontros, em maio deste ano, foi patrocinada pela empresa petrolífera canadense Enbrigde para tratar da "segurança do desenvolvimento dos recursos de energia", afirma o "Guardian". 

Desde que assumiu o poder, o premiê conservador Stephen Harper adotou uma política agressiva de desenvolvimento de recursos naturais, criando programas de monitoramente interno de grupos ambientais e indígenas e compartilhando essas informações com empresas privadas. 

Analistas ouvidos pelo jornal britânico sugerem que a espionagem do governo canadense está relacionada ao leilão do campo de Libra e ao desejo de Ottawa de garantir vantagem competitiva a mais de 40 companhias canadenses envolvidas no sector de mineração brasileiro. 

"Há evidências substanciais de que a espionagem feita pelo Canadá por motivos econômicos sobre o Brasil está longe de ser uma aberração", disse Greenwald, que nesta quarta-feira (9) compareceu a uma audiência na CPI da Espionagem, no Senado Federal, em Brasília. 

Durante a audiência, Greenwald disse que novas revelações serão feitas em breve sobre a espionagem canadense.