Presidente da Ucrânia corta poderes do Executivo e anuncia eleições
O presidente ucraniano Viktor Yanukovytch anunciou nesta sexta-feira (21) que irá realizar eleições antecipadas até "dezembro, no máximo". O país está mergulhado em uma crise desde novembro, quando manifestantes tomaram as ruas pedindo a renúncia do mandatário. Nos últimos dias, ao menos 70 pessoas morreram nos confrontos.
Impasse com a Rússia motivou revolta
As manifestações começaram em novembro, depois que o presidente Viktor Yanukovych anunciou sua decisão de não assinar um acordo de cooperação com a União Europeia, que poderia, no futuro, ter a Ucrânia como um de seus membros.
A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética.
O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia.
O acordo, no entanto, foi visto com cautela pelo ministro das Relações Exteriores da França, que disse que ele ainda não é definitivo, uma vez que a oposição ucraniana ainda quer consultar parte dos manifestantes antes de anunciar o pacto. O chanceler alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que por enquanto não há acordo. “Sem resultados ainda”, afirmou.
As medidas aprovadas pelo governo e por representantes da União Europeia também proíbem a declaração de Estado de Emergência no país - o que dá às forças de segurança mais poderes -, e preveem uma investigação das violações cometidas nos últimos dias será feita com a ajuda de monitores da UE.
Durante pronunciamento em rede nacional, Yanukovytch afirmou que vai adotar novamente a constituição de 2004, que “diminui os poderes presidenciais”. A medida passa a vigorar dentro de 48h, e dentro de dez dias um governo de coalizão nacional será formado.
Além disso, uma reforma constitucional para balancear os poderes do parlamento e do presidente começará "imediatamente" e deve estar completa até setembro.
O presidente declarou ainda que “pessoas morreram dos dois lados das barricadas, e é minha responsabilidade, pela memória gloriosa dos que morreram, declarar: nada é mais importante do que vidas humanas”.
Ontem foi o dia mais sangrento na capital desde o início dos protestos, em novembro. O número exato de vítimas varia entre 27 e 70. Os manifestantes usaram o saguão de um hotel próximo à praça Independência como hospital e necrotério.
Violência continua
Nas ruas, manifestantes e policiais ainda estão em situação de impasse, depois de uma quinta-feira de muita violência.
A União Europeia prometeu sanções ao país, devido à violência. O governo americano disse que fará o mesmo.
O número de policiais mortos nos distúrbios chegou a 16, informou hoje o Ministério do Interior da Ucrânia.
Sanções
Ontem ministros de Relações Exteriores da União Europeia reunidos em Bruxelas (Bélgica) concordaram em impor sanções "aos responsáveis pela violência e o uso excessivo de força" na Ucrânia. Pelo menos 39 pessoas morreram nesta quinta no país.
Em comum acordo, o bloco decidiu cancelar os vistos e congelar os bens dos que "têm as mãos manchadas de sangue", afirmou a chefe de política externa do bloco, Catherine Ashton, em um pronunciamento que aponta para punições direcionadas a ambos os lados. (Com agências internacionais)
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