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Com metade dos votos apurados, 95,5% defendem união da Crimeia com a Rússia

Do UOL, em São Paulo

16/03/2014 15h27Atualizada em 16/03/2014 17h58

Com metade dos votos apurados, 95,5% dos eleitores que votaram no referendo foram favoráveis à união da província ucraniana da Crimeia com a Federação Russa, segundo anunciou Mikhail Malyshev, líder do comitê do referendo. As informações são da agência estatal russa Ria Novosti.

Apenas 3,5% dos eleitores defenderam a manutenção da Crimeia como território ucraniano e 1% anulou os votos.

Boca de urna divulgada neste domingo (16) pela agência de notícias russa Interfax apontou que 93% da população da Crimeia votou a favor da união com a Rússia dessa região autônoma ucraniana. Cerca de 7% preferiu manter o região com o status atual. A participação nas urnas, ainda de acordo com Interfax, foi de 75,9%.

"Hoje fizemos uma decisão muito importante, que vai entrar para a história", escreveu o primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksionov, em sua conta no Twitter.  "Obrigado a todos os que participaram do referendo e expressaram sua opção. Agora tomamos uma decisão muito importante que entrará para a história", escreveu o premiê.

Os Estados Unidos e a União Europeia afirmaram que não reconhecerão o referendo realizado na Crimeia sobre a separação da Ucrânia. O governo norte-americano pede uma solução política a Moscou.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pediu por telefone ao ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que a Rússia apoie uma reforma constitucional na Ucrânia que protegesse os direitos de minorias como a população na Crimeia que fala russo.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, acusou a Rússia de violar as leis internacionais. "Este referendo é contrário à Constituição da Ucrânia, e a comunidade internacional não reconhecerá os resultados desta votação realizada sob ameaças de violência e intimidação por parte da intervenção militar russa que viola as leis internacionais", declarou.

"Os Estados Unidos têm apoiado firmemente a independência, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia desde que ela declarou a sua independência, em 1991, e rejeitamos o 'referendo' realizado hoje (domingo) na região ucraniana da Crimeia. As ações da Rússia são perigosas e desestabilizadoras", disse Carney.

União Europeia

O referendo de secessão da Crimeia, na Ucrânia, é ilegal e ilegítimo e seu resultado não será reconhecido, disseram em comunicado as principais autoridades da União Europeia neste domingo.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, também pediram à Rússia que diminua suas tropas na Crimeia para os números pré-crise e para áreas usuais de implantação.

Os ministros do Exterior da União Europeia decidirão as medidas possíveis em uma reunião em Bruxelas nesta segunda-feira (17).

Putin conversa com Merkel

Vladimir Putin disse à chanceler alemã Angela Merkel neste domingo (16) que o referendo na Ucrânia respeita as leis internacionais, segundo comunicado do Kremlin.

Putin prometeu respeitar a decisão da Crimeia, disse o Kremlin, ao mesmo tempo em que moradores da região votavam em um referendo para decidir se a península deve se separar da Ucrânia e se unir à Rússia.

Trégua

Os ministérios de Defesa da Ucrânia e da Rússia fecharam um acordo de trégua na Crimeia até 21 de março, segundo informou o ministro em exercício da Defesa da Ucrânia.

"Um acordo foi alcançado com a Esquadra do Mar Negro (da Rússia) e o Ministério da Defesa da Rússia para uma trégua na Crimeia até 21 de março", disse o ministro ucraniano Ihor Tenyukh a jornalistas no intervalo de uma reunião de gabinete neste domingo.

A Crimeia, que abriga a frota russa no mar Negro, foi parte da Rússia até 1954, quando o então dirigente soviético Nikita Kruschev passou seu controle à Ucrânia.
Após a queda do ex-presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro, as populações das regiões sul e leste do país foram às ruas para protestar contra o que consideraram um golpe de Estado.

A Rússia, aliada de Yanukovich e com interesses na região, apoia esse movimento.

A península da Crimeia, de maioria étnica e língua russas e atualmente com um regime de república autônoma da Ucrânia, está sob controle de forças pró-Moscou desde 28 de fevereiro. (Com agências internacionais)