Coreia do Sul prende três suspeitos de destruir evidências sobre naufrágio
As autoridades sul-coreanas prenderam nesta segunda-feira (28) três pessoas suspeitas de destruir evidências ligadas ao naufrágio da balsa Sewol, na costa da Coreia do Sul. Os investigadores também deram busca em um escritório da Guarda Costeira para obter mais informações sobre a maneira com que os oficiais lidaram com o pedido de emergência de um passageiro, enviado antes que o comando da própria embarcação enviasse o SOS.
O diretor e dois funcionários do escritório da Associação Marítima da Coreia, localizado em Incheon, foram presos. Eles teriam destruído evidências de que a companhia que opera o serviço, Chonghaejin, poderia ter agido com negligência em relação ao naufrágio da balsa, que carregava 476 pessoas a bordo, a maioria estudantes do ensino médio.
Os policiais e agentes do Ministério Público também realizaram buscas no edifício da guarda Costeira em Mokpo, que inclui o centro de emergência, para o qual são enviados os pedidos de socorro. Para o promotor Yand Joong-jin, os funcionários podem ter sido negligentes, o que teria custado a vida de centenas de passageiros. Os investigadores levaram documentos e gravações feitas no dia do naufrágio, de acordo com a agência de notícias Yonhap.
A central recebeu o primeiro chamado de socorro enviado por um garoto de 18 anos que ligou para o número de emergência no dia 16 de abril. "De acordo com a transcrição de uma gravação, um funcionário da Guarda Costeira perguntou ao estudante se ele poderia fornecer a latitude e longitude de sua localização, o que gerou críticas de que as autoridades perderam minutos cruciais, antes de iniciar uma operação de resgate”, informou a Yonhap. A equipe de investigação irá analisar as transcrições da gravação para estabelecer se as autoridades cumpriram seu papel, acrescentou.
As prisões seguem-se à detenção de vários 15 membros da tripulação da balsa Sewol, incluindo o capitão, que teria abandonado a embarcação, sem se preocupar com a segurança dos passageiros. Um vídeo divulgado nesta segunda-feira mostra o capitão Lee Joon-seok sendo resgatado por integrantes da Guarda Costeira.
Quase 200 corpos foram encontrados até o momento e mais de 100 passageiros ainda estão desaparecidos.
Segundo o procurador Yang, que está à frente da investigação, os 15 tripulantes presos serão acusados de “causar a morte ao abandonar (navio) e violação da lei marítima, de socorro e ajuda do país”.
Durante uma coletiva de imprensa, um dos funcionários presente ao resgate de passageiros, o capitão Kim Kyung-il, disse que não sabia naquele momento que estava salvando o capitão da balsa Sewol.
“Não, de jeito nenhum. Só descobri muito depois”, afirmou Kim. "Durante o resgate, as pessoas simplesmente estavam se atirando da balsa e caindo no mar.”
Palavras finais
“Por que ninguém nos diz o que está acontecendo?”, “Nossa, está inclinando demais. Nós estamos inclinando para um lado. Não dá para se mexer” e “Você acha que eu vou morrer?” são algumas das frases gravadas em um vídeo no celular de um adolescente morto no naufrágio. O áudio teria sido divulgado pela emissora sul-coreana JTBC.
Depois que o corpo do adolescente foi encontrado, as autoridades entregaram seu telefone celular ao pai. O cartão de memória ainda estaria intacto, o que permitiu recuperar a gravação.
O pai, entretanto, disse que não conseguiu assistir à gravação e preferiu entregá-la à emissora de TV, que divulgou apenas o áudio de três minutos.
Segundo a emissora, no vídeo alguns estudantes parecem tranquilos por estar usando coletes salva-vidas. Os coletes, porém, não foram suficientes para salvar os passageiros. No final de semana, mergulhadores encontraram os corpos de 48 meninas, todas usando coletes, comprimidas em uma sala pequena.
Para os investigadores, o mais importante no video é que se pode ouvir as ordens dadas pelos alto-falantes da embarcação.
"Mais uma vez, por favor, permaneçam em seus lugares. Em nenhuma circunstância, saiam do lugar.”
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