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Ucranianos fazem longas filas para votar em referendo separatista

Do UOL, em São Paulo

11/05/2014 05h29Atualizada em 11/05/2014 10h16

Moradores de duas regiões em conflito no leste da Ucrânia votam neste domingo (11) em referendos de independência que são considerados ilegais pelo governo ucraniano e o Ocidente.

O plebiscito, organizado por líderes pró-Rússia, busca aprovar a soberania das regiões de Donetsk e Luhansk, onde os rebeldes tomaram prédios do governo e entraram em confronto com a polícia e as tropas ucranianas.

O presidente interino da Ucrânia disse que a independência das regiões destruiria a economia do país. "Este é um passo em direção ao abismo para as regiões", disse Oleksandr Turchynov em comentários postados no site presidencial neste sábado (10).

As assembleias de voto abriram às 8h (2h em Brasília) e estão previstas para fechar a fechar às 22h (16h em Brasília). Os organizadores da consulta disseram que esperam um alto índice de comparecimento às urnas, apesar de a situação de segurança permanecer instável em torno de grande parte da área onde a votação é realizada.

Rebeldes na cidade de Slovyansk, um dos focos de tensão entre milícias separatistas e forças do governo, trocaram tiros com as tropas ucranianas nos arredores da cidade.

"Eu queria vir o mais cedo que pudesse", disse Zhenya Denyesh, um estudante de 20 anos de idade, à Reuters, o segundo a votar em um prédio da universidade local. "Nós todos queremos viver no nosso próprio país."

Questionado sobre o que seria o próximo passo após a votação, organizada em questão de semanas pelos rebeldes, ele respondeu: "Ainda será a guerra."

A cidade portuária de Mariupol permanece em alerta após os confrontos de sexta-feira (9), quando ao menos sete morreram.

Autoridades da cidade disseram que havia apenas oito centros de votação para meio milhão de pessoas. Filas de centenas de metros formaram-se.

As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia - Arte/UOL - Arte/UOL
As cidades afetadas pelo movimento separatista na Ucrânia
Imagem: Arte/UOL

Ucrânia acusa Rússia de desestabilizar país

O governo da Ucrânia e o Ocidente acusam a Rússia de fomentar os conflitos na região com o objetivo de desestabilizar a Ucrânia ou para encontrar um pretexto para invadir o país. A Rússia rejeita as acusações.

O presidente da Rússia , Vladimir Putin, pediu aos organizadores dos referendos que atrasassem os referendos enquanto ele negociava com as potências ocidentais. Os insurgentes, no entanto, não alteraram a data da consuta.

Eleitora espera estabilidade na região

Em um posto de votação de  uma escola em Donetsk, eleitores compareceram em peso já na primeira hora da votação. Todos as cédulas de voto que podiam ser vistos nas urnas, transparentes, indicavam que a opção pela indpendência da região tinha sido selecionada.

Muitos eleitores disseram esperar que a votação ajude a estabilizar a situação local.

"Eu simplesmente não tenho palavras para expressar o que está acontecendo em nosso país ", disse Liliya Bragina, 65. " Eu vim para que haja estabilidade, para que haja paz". completou.

Referendo lembra Crimeia

O referendo, organizado às pressas, lembra a consulta de março na Crimeia, região no sul da Ucrânia que aprovou sua independência. A Crimeia foi formalmente anexada pela Rússia dias depois.

Os organizadores da votação deste domingo disseram que só mais tarde vão decidir se eles vão buscar a independência total, a anexação à Rússia ou a permanência das regiões na Ucrânia, mas com maior autonomia.(Com agências internacionais)