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Sudanesa condenada à morte por renunciar ao islã dá à luz acorrentada

Do UOL, em São Paulo

29/05/2014 18h00

O marido da sudanesa Mariam Ishaq, 27, condenada à morte por se converter ao cristianismo, afirma que a mulher deu à luz acorrentada na prisão. O parto em um hospital não foi autorizado pelas autoridades do Sudão.

Enquanto suas pernas estavam algemadas, Mariam deu à luz uma menina, que recebeu o nome de Maya. “Eles mantiveram as correntes nas pernas dela. Ela ficou muito triste com isso”, disse ao “Telegraph” Daniel Wani, 27, marido de Mariam.

Wani também demonstrou raiva ao falar sobre o tratamento dado a ele pelas autoridades, que impediram o pai de visitar a bebê recém-nascida. Ele conseguiu visitar a filha apenas no dia seguinte ao nascimento.

Segundo Wani, depois de autorizar a visita dele e do seu advogado, só então Mariam teve as pernas soltas.

Apesar da situação precária da mulher, Wani declarou “estar muito feliz” com o nascimento da filha. “Foi maravilhoso poder ver minha filha bebê, estou muito alegre.”

A Justiça sudanesa ofereceu dois anos a Mariam para amamentar à recém-nascida antes da mãe ser executada.

Entenda o caso
Um tribunal do Sudão condenou à morte a médica Mariam Ishaq, 27, então grávida de oito meses, por ela ter se convertido ao cristianismo. Ela foi denunciada por seus irmãos. A pena, no entanto, só será aplicada em dois anos.

Mapa, Sudão, Cartum - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Segundo a sentença, Mariam receberá 100 chicotadas como castigo e depois será enforcada. A legislação sudanesa - que tem a "Sharia" (lei islâmica) como fonte principal do Direito - proíbe a conversão do islã ao cristianismo (considerada apostasia).

A sudanesa mudou seu nome de Abrar pelo de Mariam e é filha de um homem da região de Darfur, no oeste do Sudão, e de uma mulher da vizinha Etiópia.

O marido cristão de Mariam também foi preso, mas absolvido da acusação de adultério por falta de provas, após argumentar que havia se casado com a jovem quando já tinha mudado sua religião.

O tribunal lembrou que a lei sudanesa proíbe a conversão do islã ao cristianismo e que, portanto, a acusada cometeu adultério por seu casamento como cristã ser "nulo".

Vários diplomatas ocidentais e representantes de grupos de direitos humanos advertiram sobre o risco que esse tipo de julgamento representa para a tolerância religiosa e para os direitos humanos no Sudão. (Com agências internacionais)