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Embargo a Cuba continua a menos que Congresso do EUA vote sua retirada; entenda

Do UOL, em São Paulo

17/12/2014 16h56

Depois que Fidel Castro chegou ao poder em Cuba em 1959, os Estados Unidos impuseram sanções iniciais em 1960 e, em seguida, um embargo econômico total em 1961. O prejuízo à economia da ilha, sob regime socialista nesses mais de 50 anos, é da ordem de US$ 1,1 trilhão. Nesta quarta-feira (17), os países anunciaram a retomada de relações diplomáticas.

O embargo suspendeu todas as importações e exportações entre os países, provocando dois efeitos sobre Havana: um econômico, comprometendo o crescimento da ilha, que importa 80% de tudo que consome; e outro ideológico, pois garantiu ao comandante Fidel um inimigo que pudesse culpar pelas mazelas do país.

Os norte-americanos perderam quase todo o suporte internacional para o embargo desde o colapso da União Soviética em 1991. Nenhuma outra nação, além dos Estados Unidos, tem um embargo econômico contra Cuba.

Cuba: país em transição; entenda

A retirada do embargo, no entanto, depende da aprovação do Congresso norte-americano. Uma legislação do início do século passado permite à Casa renovar anualmente o bloqueio econômico à ilha.

Ainda que alguns países aliados dos Estados Unidos se juntem a Washington para criticar o sistema de partido único de Cuba e a repressão de opositores políticos, o embargo econômico tem pouca sustentação diante do restante da comunidade internacional.

As Nações Unidas aprovaram uma resolução por 23 anos consecutivos --e com esmagador apoio-- contra o embargo econômico dos EUA e outras sanções ao governo socialista de Cuba. No ano passado, a votação foi de 188 a 2, com apenas os Estados Unidos e Israel votando contra a resolução.

Prejuízo bilionário a Cuba

Apenas em 2013, as sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba custaram ao país US$ 3,9 bilhões no comércio exterior, segundo o governo da ilha. A estimativa global dos prejuízos econômicos é de US$ 1,1 trilhão ao longo dos últimos 55 anos.

Os números foram publicados em setembro deste ano em um relatório que Cuba prepara para a Organização das Nações Unidas a cada ano ao pedir uma resolução contra o embargo dos EUA à ilha.

Cuba, por sua vez, usa o embargo para conter o descontentamento interno com uma economia estagnada.

"Não existe, e não tem havido no mundo, tamanha violação aterrorizante e vil dos direitos humanos de todo um povo do que o bloqueio liderado pelo governo dos EUA contra Cuba há 55 anos", disse o vice-ministro de Relações Exteriores, Abelardo Moreno, na ocasião da divulgação do relatório.

Vida na ilha

Mesmo com todas essas dificuldades, Cuba, com 11,4 milhões de habitantes, ocupa a 44ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas), que mede o grau de desenvolvimento dos países. Em comparação, o Brasil está em 79º lugar.

Os cubanos também são conhecidos pela qualidade de primeiro mundo nas áreas de saúde e educação (a taxa de analfabetismo é quase zero). Por outro lado, sofrem perseguição política, faltam direitos civis e liberdade de imprensa (até a internet é censurada).

Com o colapso na antiga União Soviética, que subsidiava o regime castrista, o país entrou em recessão no começo dos anos de 1990, adotando medidas de racionamento e reformas econômicas. Doente, Fidel se afastou do poder em 2006, até que em fevereiro de 2008, após 49 anos no cargo, entregou a presidência ao irmão, Raúl Castro.

Uma das ações do novo presidente foi permitir aos cubanos a compra de computadores e celulares, apesar dos preços serem proibitivos para a maior parte da população. Ainda assim, a população sobre com a falta de itens básicos, que são racionados e controlados com anotações em uma caderneta dada a cada família. As mercadorias são distribuídas em mercearias, que distribuem uma ração padronizada de produtos (açúcar, grãos, peixe/frango e pães). A cada 15 dias, uma ração de proteína (carne vermelha moída processada), é entregue às famílias.