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Copiloto de avião que caiu na França não teria ligação com terrorismo

O alemão Andreas Lubitz, 28, copiloto do voo 4U9525, da Germanwings - Reprodução/Facebook
O alemão Andreas Lubitz, 28, copiloto do voo 4U9525, da Germanwings Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 09h50Atualizada em 26/03/2015 12h20

A informação de que o copiloto da companhia aérea Germanwings teve intenção de fazer o avião perder altitude, levando ao choque contra montanhas nos Alpes franceses, na última terça-feira (24), levanta uma série de novas dúvidas sobre as motivações para o que não é mais considerado um acidente.

De acordo com o procurador de Justiça de Marseille (França), Brice Robin, que revelou novos dados na tarde desta quinta-feira (26), no horário local, o copiloto Andreas Günther Lubitz, 28, de origem alemã, impediu que o piloto-chefe voltasse à cabine e estava vivo no momento do choque.

“O copiloto, sozinho no comando daquele avião, manipula os botões do que chamamos o ‘sistema de monitoramento de voo’ e aciona a descida. (...) Nós escutamos, então, um som de respiração humana no interior da cabine, que é ouvido até o impacto final. O copiloto, desta forma, estava vivo, a priori." 

Lubitz havia sido contratado em setembro de 2013 e tinha 630 horas de voo de experiência, segundo informações da Lufthansa, dona da Germanwings.  

Apesar das especulações, foram descartadas, até o momento, associações a terrorismo.

De acordo com pessoas próximas a Lubitz, que era de Montabaur (575 km de Berlim), ele não aparentava ter problemas como depressão quando renovou sua licença para pilotar planadores, no último outono.

"Ele estava feliz que tinha conseguido o trabalho na Germanwings e estava indo bem", disse Peter Ruecker, integrante do clube de pilotos frequentado por Lubitz. "Ele passava uma boa impressão."

Lubitz tirou a licença para pilotar planadores ainda na adolescência e foi aceito na Lufthansa como trainee após passar por uma escola preparatória alemã, disse Ruecker, que descreveu o colega como "bem quieto", mas um jovem amigável.

"Andreas morreu como primeiro oficial de serviço na catástrofe aérea", publicou o clube de voo em sua página na internet, logo após a queda da aeronave. 

A prefeita de Montabaur, Gabriele Wieland, disse à agência de notícias alemã "DPA" que Lubitz vivia com os pais e tinha um alojamento em Düsseldorf (170 km de Montabaur), destino final do voo da Germanwings que tinha 150 pessoas a bordo.

"Ele cumpriu seu sonho de voar, sonho que agora pagou caro com sua vida", disseram alguns amigos de clube sobre o jovem Lubitz, que, segundo seus colegas, "começou como piloto de planadores e chegou a ser piloto de um Airbus 320".

O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, disse que autoridades alemãs checaram dados policiais e de inteligência de Lubitz no dia da queda do Airbus 320, e a Lufthansa também teria dado seu OK a respeito do copiloto, segundo reportagem do "Boston Globe".

Em seu pronunciamento, Maizière afirmou que, segundo as forças de segurança da Alemanha, não existem “indícios de fundo terrorista” contra o copiloto. O ministro explicou que, desde a queda do voo da Germanwings, os serviços de inteligência alemães investigaram o histórico de todas as 150 pessoas a bordo.

De acordo com dados de áudio recuperados no local onde o avião caiu e analisados, em seguida, pelos investigadores franceses, Lubitz não pronunciou nenhuma palavra durante os dez minutos em que a aeronave foi perdendo gradativamente altitude até o momento do choque, apesar das fortes batidas dadas na porta, do lado de fora, pelo piloto, que havia deixado a cabine.

“Estava um absoluto silêncio dentro da cabine”, disse hoje o procurador Brice Robin. “É óbvio que este copiloto tirou vantagem da ausência do comandante. Ele teria sabido que o piloto iria sair [da cabine]? É muito cedo para dizer.” (Com agências internacionais)

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