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Guarda Costeira italiana resgata 24 corpos de imigrantes após naufrágio

Do UOL, em São Paulo

19/04/2015 08h17Atualizada em 19/04/2015 23h13

Em menos de uma semana, uma segunda tragédia marítima pode ter custado a vida de centenas de imigrantes em busca de refúgio na Europa. 

Pelo menos 24 corpos foram encontrados dos cerca de 700 imigrantes desaparecidos neste domingo (19) após o naufrágio de um pesqueiro ao sul da ilha italiana de Lampedusa, no mar Mediterrâneo informou a Guarda Costeira italiana. Apenas 28 pessoas foram resgatadas com vida até o momento.

Um dos sobreviventes disse que cerca de 700 pessoas viajavam no barco, que se acidentou a cerca de 70 milhas da costa da Líbia, durante travessia rumo à Itália. 

Embora ainda não esteja confirmado que a embarcação levava este número de pessoas a bordo, a Guarda Costeira disse em um comunicado que o navio de 20 metros de comprimento, tinha "capacidade para transportar várias centenas de pessoas".

Uma fonte da Marinha de Malta explicou à Agência Efe que 17 unidades coordenadas pela Itália foram enviadas para a zona do acidente, como parte da operação Triton, e que as equipes "trabalham sem descanso" para "encontrar sobreviventes". Segundo informações da Guarda Costeira, 20 navios e três helicópteros estão envolvidos nas buscas. 

O naufrágio ocorreu durante a noite, segundo o depoimento de um dos 28 imigrantes salvos, informou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) na Itália, Carlotta Sami. 

O sobrevivente contou que o pesqueiro enviou uma mensagem de socorro para a Guarda Costeira durante a noite.

Diante da impossibilidade de chegar a tempo ao local, o Centro Nacional de Socorro da Guarda Costeira pediu ao barco português "King Jacob", que navegava perto da zona, que desviasse sua rota em direção ao pesqueiro. Quando a embarcação portuguesa se aproximou do pesqueiro, os imigrantes se "posicionaram todos no mesmo lugar do barco e provocaram seu naufrágio".

O barco português iniciou então o resgate, enquanto se dirigiam para o local unidades da Guarda Costeira italiana e da Marinha de Malta, pois o acidente ocorreu perto da ilha.

Carlotta Sami disse à mídia italiana que a agência estava se preparando "para uma tragédia de grandes proporções". 

Os agentes de resgate "tentam encontrar sobreviventes entre os cadáveres flutuando na superfície do mar", afirmou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, durante um comício político.

União Europeia marca reunião de emergência para discutir imigração

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que planeja um encontro extraordinário para analisar a imigração clandestina.

"Falei com o primeiro-ministro (de Malta, Joseph) Muscat após estas mortes trágicas no Mediterrâneo. Vou prosseguir com as discussões com os líderes europeus, a Comissão e os serviços diplomáticos da UE sobre como enfrentar esta situação", disse Tusk no Twitter.

Segundo Preben Aamann, porta-voz de Tusk, o presidente do Conselho Europeu "tomará uma decisão sobre um encontro extraordinário após tais consultas".

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a resposta para esta situação "tem que vir da Europa" e que "já não vale a pena as palavras, temos de agir". "Os europeus serão descreditados se não forem capazes de evitar tais situações dramáticas", disse Rajoy, durante um comício eleitoral em Alicante.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, pediu uma cúpula europeia urgente após o naufrágio.

"Estamos trabalhando para nos assegurarmos de que essa reunião aconteça no final da próxima semana. Deve ser uma prioridade", afirmou Renzi durante coletiva de imprensa, qualificando a crise migratória de "flagelo" que a Europa de enfrentar.

Outro naufrágio

Na quarta-feira, 400 imigrantes se afogaram num incidente semelhante, perto da costa da Líbia, país que por conta da proximidade geográfica com a Itália é um dos principais pontos de partida de embarcações com imigrantes em busca de asilo.

O barco, transportando cerca de 550 migrantes no total, virou cerca de 24 horas depois de deixar a costa da Líbia, de acordo com alguns dos 150 sobreviventes que foram resgatados e levados a um porto do sul da Itália, afirmou a organização Save the Children.

Segundo relatos divulgados pela mídia italiana, o barco virou quando os passageiros tentaram chamar a atenção de um navio mercante para serem resgatados - na maioria das travessias, imigrantes são colocados por traficantes de pessoas em embarcações em estado precário.

No ano passado, 170 mil pessoas fizeram a arriscada travessia para a Itália, que partindo da Líbia tem cerca de 500 km. A maioria dos imigrantes vem de países africanos e de regiões de conflito no Oriente Médio, como a Síria.

Pelo menos mil pessoas já morreram em incidentes este ano, um número 20 vezes maior que nos primeiros quatro meses de 2014.

Em outubro, autoridades marítimas da União Europeia anunciaram uma redução na escala de operações marítimas para tentar coibir as tentativas de travessia. No entanto, o número de pessoas arriscando a vida para fugir da pobreza ou de conflitos se manteve no mesmo patamar.

As autoridades agora temem um aumento de travessias, porque nos meses de primavera e verão as condições de navegação no Mediterrâneo melhoram. (Com agências internacionais)