Novo governo sírio prende 300 pessoas em esforço para se consolidar
Três semanas após tomar o poder e levar o regime de Bashar al-Assad ao colapso, o novo governo na Síria é apontado como responsável pela prisão de cerca de 300 pessoas. A ofensiva seria uma maneira de consolidar-se no poder, em um momento de incerteza por parte da comunidade internacional sobre o destino do país.
Dados publicados neste domingo pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos apontam que a repressão inclui a detenção de informantes, combatentes e ex-soldados.
Desde que os rebeldes liderados pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubaram Assad, a comunidade internacional tem insistido sobre a necessidade de que o novo governo não promova uma caça às minorias ou aos ex-membros do regime Assad. O apelo da ONU, por exemplo, é para que todos os eventuais implicados em crimes de guerra e crimes contra a humanidade tenham acesso à Justiça e um processo transparente.
"Em menos de uma semana, quase 300 pessoas foram detidas em Damasco e em seus subúrbios, bem como em Homs, Hama, Tartus, Latakia e até mesmo em Deir Ezzor", disse Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
As operações ainda visaram ex-combatentes ligados ao regime iraniano, um aliado de Assad. Outros ainda seriam militares acusados de assassinatos e tortura.
Um dos alvos da onda de prisões é o general Mohammed Kanjo Hassan, ex-chefe da justiça militar e acusado de supervisionar milhares de morte após julgamentos sumários na prisão de Saydnaya. Alguns dos processos que condenaram os opositores duravam apenas alguns minutos.
Kanjo Hassan chefiou o tribunal militar de 2011 a 2014, os três primeiros anos da guerra civil do país. Ele, então, foi promovido a chefe da Justiça Militar em toda a Síria.
Grupos de direitos humanos alertam que Kanjo Hassan obteve US$ 150 milhões com subornos pagos por parentes de detentos desesperados por informações sobre seus parentes ou para evitar execuções.
A repressão teria sido intensificada nos últimos dias, principalmente em operações contra bolsões de milícia pró-Assad que ainda estariam em operação pelo país. Entre as ações estão operações de apreensão de armas e munições.
O problema, segundo o Observatório, é que alguns dos detidos foram executados assim que foram detidos, rompendo as promessas por parte do governo de que seriam julgados em total transparência.
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