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Em caminhões, clínica oferece atendimento veterinário de baixo custo na Irlanda

Flávio Carneiro

Do UOL, em Dublin (Irlanda)

17/07/2015 06h00

A Irish Blue Cross (Cruz Azul Irlandesa, em português, uma referência a Cruz Vermelha) é uma organização sem fins lucrativos que oferece atendimento veterinário de baixo custo aos donos de animais que não podem pagar hospitais particulares. O serviço funciona em clínicas móveis, instaladas em caminhões, que atendem em locais espalhados pela cidade de Dublin, capital da Irlanda.

A entidade realiza cerca de 27 mil atendimentos por ano, incluindo serviços que vão desde vacinação, castração e até cirurgias. As operações englobam retiradas de tumores, emergências e tratamento dos olhos. Os procedimentos mais complexos são realizados em uma clínica fixa, que também é mantida pela Blue Cross.

O custo dos atendimentos é financiado por doações, incluindo dinheiro cedido pelo governo, entidades privadas e dos próprios usuários que levam seus animais até as clínicas.

"Nós dependemos completamente de doações para funcionar. Por isso, pedimos que os usuários façam uma doação que cubra os gastos com tratamento e medicação. Essa quantia é, em geral, um terço do valor cobrado pelo mesmo procedimento no mercado", afirma Fionn Sotscheck, responsável por angariar recursos para a entidade.

O valor dos tratamentos é reduzido porque grande parte dos colaboradores da organização trabalha de forma voluntária, incluindo os motoristas dos trailers, os veterinários e as enfermeiras.

Cerca de 85% dos animais que passam pelos procedimentos são cachorros. O restante é composto por gatos, incluindo uma pequena participação de coelhos, pássaros e outros animais exóticos.

Entre os cachorros atendidos estão o labrador Arthur e o golden retriever Paul. Eles visitam periodicamente uma das clínicas móveis. "Arthur está um pouco doente e preciso saber o que está acontecendo. Já Paul recebe injeção de sangue periodicamente. Seria muito complicado pagar esses tratamentos em hospitais tradicionais", conta o técnico em tecnologia da informação Dich Mgancy, 45.

Os serviços estão disponíveis somente para pessoas que possuem baixa renda. "Nós utilizamos como método de seleção os próprios benefícios sociais fornecidos pelo governo (como aposentadorias e auxílios financeiros)", afirma Sotscheck.

Esse pré-requisito faz com que brasileiros (como outros estrangeiros que não podem receber nenhum benefício social) não possam utilizar o atendimento veterinário, mesmo que possuam baixa renda.

Quando uma cirurgia não pode ser realizada pela Blue Cross, por causa da alta demanda ou da complexidade, a entidade realiza uma parceria com companhias privadas. Nesse caso, o dono paga por um terço do custo total e a outra metade é dividida entre a Blue Cross e a empresa.

A organização incentiva ainda que os donos coloquem chips em seus pets. Com custo reduzido, o procedimento é realizado por 20 euros (cerca de R$ 69). O objetivo do programa é diminuir o desaparecimento de animais e facilitar o seu retorno até o proprietário quando fogem.