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Queda de avião mata pelo menos 36 no Sudão do Sul; bebê sobrevive

Do UOL, em São Paulo

04/11/2015 15h22Atualizada em 04/11/2015 16h36

Um avião de carga russo com passageiros a bordo caiu nesta quarta-feira (4) após decolar do aeroporto na capital do Sudão do Sul, Juba, matando pelo menos 36 pessoas na aeronave e no solo, segundo a Cruz Vermelha sul-sudanesa. 

O número de mortos e sobreviventes ainda não foi confirmado oficialmente. À agência Reuters, um policial que não quis se identificar afirmou ter visto 41 corpos.

Segundo a Reuters, um bebê, uma garota de 14 meses chamada Nyloak Tong, estava a bordo e sobreviveu à queda.

O porta-voz presidencial Ateny Wek Ateny disse à Reuters que, além da criança, outros dois sul-sudaneses que estavam no avião haviam sobrevivido – 15 pessoas a bordo morreram. A tripulação era formada por cinco cidadãos armênios e um russo, sendo que os demais passageiros eram sul-sudaneses.

Ateny Wek Ateny disse ainda que algumas pessoas morreram no solo, à medida que o avião Antonov caiu próximo de onde pescadores trabalhavam. "Não sabemos o número de pessoas que foram mortas no solo", disse.

Já de acordo com o relato de Majju Hillary, assessora de imprensa da Cruz Vermelha no país, o número de 36 corpos recuperados pode aumentar. "Não podemos assegurar que este balanço é definitivo, porque alguns destroços são pesados demais para serem movidos e precisam de guindastes" que a configuração do terreno não permite, disse Hillary à AFP, sem excluir possíveis novas vítimas presas às ferragens.

O avião caiu às margens do rio Nilo Branco pouco depois de decolar do aeroporto de Juba, deixando um rastro e pedaços da fuselagem espalhados na vegetação perto da água. Ele seguia para Paloch, no estado petroleiro do Alto Nilo (norte), uma das regiões mais afetadas pelos conflitos que deixaram milhares de mortos e mais de 2,2 milhões de deslocados em dois anos.

Stephen Warikozi, chefe da Aviação Civil no aeroporto de Juba, afirmou que as autoridades estão na busca por corpos e pela caixa preta do avião.

As autoridades do aeroporto de Juba negaram em comunicado a possibilidade de um ato terrorista ter causado a queda do avião e assinalaram como causa uma "falha técnica".

O Sudão do Sul é um dos países menos desenvolvidos do mundo. O Estado foi devastado por décadas de guerra de secessão contra o Sudão e proclamou sua independência em julho de 2011. No entanto, minado por rivalidades político-étnicas, afundou em uma guerra civil em dezembro de 2013.

Avião cargueiro levava passageiros comuns

"A partir das informações que temos, trata-se de um An-12", indicou por à AFP um porta-voz da construtoras de aviões Antonov. O Antonov An-12 é um quadrimotor de transporte civil e militar, de design e fabricação soviética, em operação desde o final dos anos 1950.

Ele pode transportar 18 toneladas de carga e sua tripulação é teoricamente composta por cinco ou seis pessoas. Mas é comum em regiões da África que aviões de carga transportem passageiros para áreas remotas.

"Nós pedimos ao Sudão do Sul autorização para o acesso de nossas equipes ao local do acidente", continuou o porta-voz da Antonov. "Cabe a eles decidir. Como fabricante, nós podemos ser convidados a participar no inquérito ou não". De acordo com a sua matrícula, o avião pertence à empresa Allied Services Ltd, uma empresa de transporte rodoviário, fluvial e aéreo com sede em Juba.

O aeroporto de Juba recebe voos comerciais, mas também um importante tráfego de aviões de carga e aeronaves militares, que transportam ajuda para todo o país.

Crianças sobreviventes

O caso da bebê de 14 meses lembra o de um acidente aéreo na Líbia, em 2010, em que um menino de cerca de 10 anos foi o único sobrevivente.

À época, o professor do departamento de engenharia aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo) James Waterhouse explicou que justamente por terem um porte físico menor, as crianças têm mais chance de saírem vivas em desastres aéreos.

Em acidente no Índico em 2009, uma menina de 14 anos também foi a única sobrevivente. (Com Reuters e AFP)