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De onde vem a fortuna do Estado Islâmico? Entenda

AP Photo/Militant Website/Arquivo
Imagem: AP Photo/Militant Website/Arquivo

Do UOL, em São Paulo

18/11/2015 19h16

O grupo radical EI (Estado Islâmico) não se preocupa com dinheiro. Além dos armamentos, veículos, operações de comunicação e divulgação e a realização de grandes atentados, a organização terrorista ainda paga um salário a seus militantes. Mas de onde vem tanto dinheiro?

O EI tem métodos de garantir suas finanças diferentes de outros grupos terroristas e que são muito mais difíceis de serem contidos pelos EUA. Outros grupos trabalham com doações. O EI não faz transações internacionais, e gera renda dentro de seu próprio território, nas áreas ocupadas por seus insurgentes na Síria e no Iraque, de forma muito diversificada –se alguma atividade deixar de dar lucro, o dinheiro continuará vindo de outra.

E quais são essas “atividades”? Basicamente a venda de petróleo, de antiguidades no mercado negro, além dos impostos nas áreas controladas por eles, as extorsões e os sequestros. Segundo o jornal americano "The Washington Post", citando ONGs internacionais, estima-se que o EI tenha registrado uma renda estimada entre US$ 1 milhão (R$ 3,79 milhões) e US$ 3 milhões (R$ 11,37 milhões) por dia em 2014.

De onde vem a renda do EI?

Os campos de petróleo e gás ocupados na Síria e no Iraque são a principal fonte de renda do grupo terrorista. Mesmo que seja fácil para os EUA e seus aliados tentarem evitar a venda do petróleo extraído pelo grupo, é impossível conter a demanda do mercado negro.

O refino é feito em refinarias pequenas e o petróleo é enviado por caminhão para a fronteira com a Turquia, onde é vendido por um preço bem abaixo do mercado oficial. Os ataques aéreos afetaram a produção do Estado Islâmico. Além disso, o grupo tem encontrado dificuldades para recrutar pessoas especializadas na produção.

Como o EI controla uma grande área, consegue arrecadar impostos de muitas pessoas que vivem nessa região. Algumas taxas beiram às cobradas por um Estado tradicional e legalizado; outras mais parecem uma extorsão, de tão altas que são. São taxados produtos, eletricidade, água, empresas de telecomunicação, retiradas de contas bancárias, a entrada de caminhões em áreas controladas pelo EI e até o salário pago aos funcionários do califado.

Vale lembrar que o grupo não só destrói sítios arqueológicos, como o que foi visto em Palmira, na Síria. Eles também saqueiam e vendem antiguidades no mercado negro –peças de valores muito altos. E há compradores em muitos países. Estima-se que esta seja a segunda maior fonte de renda do grupo.

Cruéis e amplamente divulgados pelo sistema de comunicação e divulgação do EI, os sequestros também geram renda para o grupo –além de visibilidade. A ONU estima que o grupo tenha lucrado até US$ 45 milhões em 2013 com pedidos de resgate. E não é só com o sequestro de estrangeiros, mas também com pessoas de seu próprio território.

O Departamento do Tesouro dos EUA estima que o EI tomou posse de mais de meio bilhão de dólares quando ocupou bancos estatais nas áreas ocupadas no Iraque em 2014. Ainda no Iraque, tudo o que foi saqueado pôde ser vendido –veículos de guerra americanos, armamentos, munição, geradores e equipamentos de construção civil.

O EI controla a maior parte das terras férteis no Iraque e na Síria. Por isso, até a agricultura virou uma fonte de renda. São produzidos trigo e cevada. Segundo a agência de notícias Reuters, se a produção fosse vendida com 50% de desconto no mercado ilegal, ainda daria um lucro de mais de US$ 200 milhões por ano.

A área ocupada pelo EI ainda é rica em fosfato, enxofre e cimento, e a venda, com os descontos dados ao mercado negro, chegariam a somar US$ 50 milhões, enquanto a venda de ácidos sulfúrico e fosfórico, geraria mais de US$ 300 milhões ao ano.

O grupo ainda tem atividades no tráfico humano, vendendo mulheres e meninas para casamentos ou como escravas sexuais.

Diferentemente de outras organizações terroristas, os doadores internacionais são uma fonte de renda secundária do EI. Entre os aliados do grupo aparecem famílias e empresários da Arábia Saudita, Catar, Kuait e dos Emirados Árabes Unidos. As doações seriam feitas com o objetivo de derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad.

Como o dinheiro é gasto?

O Estado Islâmico não banca apenas atentados, como os realizados na França, na Turquia, no Egito e no Líbano, e as ações violentas em seus territórios. O grupo ainda financia escolas, uma força policial religiosa, um sistema de Justiça islâmico e até uma autoridade da Defesa do Consumidor.

O grupo ainda paga cerca de US$ 400 para cada insurgente do grupo, valor superior ao salário de muitos funcionários públicos do Iraque, por exemplo.