Câmeras, patinete e controle remoto: como Ucrânia matou general em atentado em Moscou

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) prendeu um homem de 29 anos nesta quarta-feira (18), suspeito de assassinar o general russo Igor Kirillov e seu assistente, Ilya Polikarpov, mortos em uma explosão em Moscou na manhã de terça-feira.

Segundo as autoridades do país, o suspeito é um cidadão do Uzbequistão, que admitiu ter sido recrutado pela Ucrânia para assassinar o general. Ele teria recebido os explosivos que usou na ação diretamente da agência de inteligência ucraniana SBU. A Rússia investiga o assassinato como um ataque terrorista.

Em Kiev, um oficial da SBU confirmou de forma extraoficial que a Ucrânia está por trás do assassinato, segundo diversos veículos de comunicação, incluindo agências de notícias como a Associated Press e DPA. Kirillov havia sido formalmente acusado de crimes de guerra na Ucrânia no dia anterior à sua morte, ele era o chefe da defesa radiológica, química e biológica da Rússia.

Como o assassinato aconteceu

O serviço secreto russo afirmou que, seguindo instruções da Ucrânia, o suspeito viajou para Moscou, onde recebeu um dispositivo explosivo caseiro. Ele então colocou a bomba em um patinete elétrico e o estacionou na entrada do prédio residencial onde Kirillov morava.

Em seguida, alugou um carro para monitorar o local e instalou uma câmera que transmitia ao vivo as imagens para os oficiais ucranianos, situados na cidade ucraniana de Dnipro. Quando Kirillov foi visto saindo do prédio, a bomba foi detonada por um dispositivo remoto.

De acordo com a declaração do FSB, a Ucrânia teria prometido 100 mil dólares (R$ 616,7 mil) ao suspeito. Ele também seria levado a um país da União Europeia após o crime.

O uzbeque foi identificado por meio do carro que utilizou na ação, captado pelas imagens de câmeras de segurança na rua. Ele pode pegar "uma sentença de prisão perpétua".

Quem era Igor Kirillov

Embora vários assassinatos de oficiais russos tenham sido atribuídos a agentes do governo ucraniano, matar um general em Moscou e reconhecer o ato é algo incomum. Kirillov é o oficial militar de mais alto escalão a ser morto dentro do território da Rússia.

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Kirillov, de 54 anos, chefiava desde maio de 2017 uma unidade russa responsável por lidar com proteção contra armas químicas, biológicas e radiológicas - conhecidas como "bombas sujas". Ele também se notabilizou por aparecer regularmente na imprensa espalhando desinformação sobre supostos "laboratórios biológicos dos EUA" na Ucrânia e por defender o ex-ditador sírio Bashar al-Assad.

Os ucranianos afirmam que a unidade chefiada por Kirillov faz uso de armas biológicas durante o conflito. O país alega que os russos usaram armas químicas mais de 4,8 mil vezes desde o início da guerra. A Rússia nega as acusações.

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