Ex-militar chileno confessa assassinatos ao vivo em rádio e vai preso
Um ex-soldado do Exército chileno foi indiciado por assassinato depois de confessar ao vivo em um programa de rádio sua participação nas mortes de 18 dissidentes da ditadutra de Augusto Pinochet, informou o jornal britânico "The Guardian".
A confissão ocorreu na tarde da última quarta-feira (9), quando Guillermo Reyes Rammsy, 62, telefonou para um famoso programa de rádio, o "Chacotero Sentimental" e contou ao apresentador Roberto Artiagoitía que queria se suicidar.
Sem se identificar e após descrever um romance frustrado, ele afirmou que, como soldado, havia participado de 18 execuções sob o regime Pinochet.
"A primeira vez [que matei] eu chorei, mas o tenente dizia: 'Bom soldado, soldado corajoso'", afirmou. "A segunda vez, eu gostei."
Durante 20 minutos, ele descreveu o modus operadi. "Disparávamos na cabeça e depois explodíamos os corpos com dinamite. Não sobrava nada, nem mesmo suas sombras", afirmou.
A ligação foi rastreada pela polícia. Na sexta-feira, Reyes foi preso e indiciado pelas mortes de Freddy Taberna Gallegos e German Palomino Lamas, membros do Partido Socialista chileno, em 1973.
Ambos haviam sido capturados logo após o golpe e levados para um campo de prisioneiros em Pisagua, no norte do país. Julgados por um conselho militar de guerra, foram executados nos meses de outubro e novembro daquele ano, e seus corpos nunca foram encontrados.
Durante a conversa com o apresentador, Reyes afirmou que foi doutrinado durante seu treinamento militar. "Eles me levaram para Santiago, onde aprendi sobre violência extrema."
Ele afirmou que matava porque soldados que não seguissem ordens eram executados.
"E sua responsabilidade como ser humano?", questionou o apresentador.
"Se eles tivessem uma arma, os liquidávamos, pou, pou, pou", Reyes respondeu. "Cinco tiros, e acabou. Eles não eram pombinhas. Vocês tinha de sobreviver."
Estima-se de 3.000 pessoas foram mortas durante o regime de Augusto Pinochet. Mais de 1.000 corpos nunca foram encontrados.
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