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Ex-líder sérvio é condenado a 40 anos de prisão por genocídio em Srebrenica

O líder sérvio Radovan Karadzic aguarda a leitura de seu veredicto em Haia (Holanda) - Robin van Lonkhuijsen/AFP
O líder sérvio Radovan Karadzic aguarda a leitura de seu veredicto em Haia (Holanda) Imagem: Robin van Lonkhuijsen/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/03/2016 11h52

O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, 70, foi condenado nesta quinta-feira (24) a 40 anos de prisão por sua responsabilidade no genocídio em Srebrenica, em decisão história do Tribunal Penal Internacional da Ex-Iugoslávia, em Haia, na Holanda. Cabe apelação da sentença.

Além do massacre de 1995, Karadzic foi considerado culpado ainda por outros nove crimes de guerra. Juízes consideraram que ele foi criminalmente responsável pelo cerco de Sarajevo e cometeu crimes contra a humanidade em cidades bósnias.

Contudo, os juízes decidiram que não havia provas suficientes para afirmar que um genocídio foi cometido em outros sete municípios da Bósnia.

Segundo os magistrados, o ex-líder pretendia eliminar a população islâmica masculina na cidade de Srebrenica, onde 8.000 muçulmanos foram mortos.

O presidente do tribunal, O-Gon Kwon, disse que os três anos do cerco de Sarajevo -- durante os quais a cidade de sérvios, muçulmanos e croatas foi alvo de ataques por forças sérvias-bósnias -- não poderia ter ocorrido sem o apoio de Karadzic.

A sentença será reduzida em cerca de 7 anos, período que o ex-líder sérvio já passou detido. Ainda não está definido onde a pena será cumprida. 

Karadzic foi preso em 2008 após 11 anos foragido, após uma guerra em que mais de 100 mil pessoas foram mortas. 

Em entrevista antes do veredicto, ele disse que, como líder à época, tentou manter a paz e merecia elogios, em vez de punição.

"Minha luta permanente para preservar a paz, impedir a guerra e diminuir os sofrimentos de todos, não importando sua religião, foi um esforço exemplar merecedor de respeito, em vez de perseguição", afirmou ao site Balkan Insight.

O conselheiro jurídico de Karadzic, Peter Robinson, afirmou que o acusado está "decepcionado e surpreso" e que "apelará da decisão".

"Justiça foi feita", comemorou o procurador do TPII. "Milhares de pessoas vieram aqui contar suas experiências e, corajosamente, enfrentar seus perseguidores", afirmou em um comunicado, acrescentando: "com esta condenação, esta verdade foi respeitada".

O alto comissário das Nações Unidas para os direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, considerou como "extremamente importante" o veredicto, afirmando que prova que "ninguém está acima da lei". (Com agências internacionais)