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"Nova Ordem Mundial" ou "vitória da raiva": como mídia vê a eleição de Trump

Tensão e ansiedade estão presentes após eleição de Donald Trump - Carlo Allegri/Reuters
Tensão e ansiedade estão presentes após eleição de Donald Trump Imagem: Carlo Allegri/Reuters

Do UOL, em São Paulo

09/11/2016 19h33

A reação de grande parte da imprensa mundial à vitória do magnata Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas foi de tensão e ansiedade. A expectativa do futuro global com o resultado leva a previsões de uma "nova ordem mundial" que poderia surgir em breve.

O jornal britânico The Guardian, por exemplo, cita a vitória do republicano como "um dia escuro para o mundo" e chama o resultado de "terremoto político a nível mundial", já que o futuro presidente norte-americano "deve promover reversão político-econômica mais impressionante desde o New Deal da década de 30".

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Nos Estados Unidos, o New York Times relata "o medo de uma Nova Ordem Mundial". Tanto a publicação nova-iorquina como o britânico Telegraph destacam que esta eleição representa um "repúdio ao establishment". O francês Le Monde, por sua vez, já enxerga um novo mundo em andamento.

"A eleição de Donald Trump abre um novo mundo para as democracias ocidentais. Uma onda manifestante sacode elites tradicionais em ambos os lados do Atlântico. Como a queda do Muro de Berlim e como o 11 de Setembro, este evento abre um novo mundo em que só uma coisa é certa: tudo o que foi considerado impossível ou irreal, torna-se agora possível" Editorial do Le Monde

"Vitória da raiva"

O mesmo Le Monde define a eleição de Trump como a "vitória da raiva". Na Alemanha, o Der Spiegel cita uma "guerra civil do homem branco". "Donald Trump tem um exército de homens furiosos mobilizados, que agora está celebrando seu novo comandante. A democracia vai suportar?", questiona o periódico alemão.

A sensação é a mesma para o espanhol El País. O jornal diz que o "mérito de Trump foi ter detectado um mal-estar profundo com as elites e políticos tradicionais". A preocupação com o que pode ocorrer a níveis globais também é abordada pelo periódico Times, que lembra que a política externa de Trump é uma "caixa-preta": absolutamente imprevisível.

"Trump se torna a face do capitalismo ocidental em um momento em que a China está oferecendo ao mundo um modelo econômico alternativo. Para os fãs da globalização como ela progrediu nas últimas décadas, isto é preocupante" artigo do Times

A crítica mais forte vem da revista New Yorker, que chama o pleito de "uma tragédia americana". "É uma tragédia para a república americana, é uma tragédia para a Constituição, e um triunfo para forças, dentro e fora do país, de nacionalismo, autoritarismo, misoginia e racismo", define o periódico.

Dois artigos publicados no Guardian e no Los Angeles Times ainda trazem uma questão idêntica de articulistas: "como vou acordar meu filho e explicar para ele que Donald Trump é o novo presidente dos Estados Unidos?".

"Eleição histórica"

Jornais mais conservadores e com tendência republicana, mas que também foram críticos e tiveram uma ruptura ao negar apoio a Donald Trump, fizeram avaliações mais comedidas da eleição. O Dallas Morning falou em "eleição histórica": "Trump chocou o mundo, mas todos nós deveríamos ter esperado por isso".

O também conservador Detroit News afirma que a eleição é "uma onda de choque ao sistema" e que Trump terá um trabalho de Hércules para unir o país. A publicação opina que o resultado é uma mensagem clara dos eleitores a Washington.

"Os americanos entregaram as rédeas do país para alguém que fez campanha desafiando o status quo, e desacreditando em políticos de ambos os partidos. Escolheram um homem que prometeu canalizar sua raiva tanto quanto carregar sua esperança. Ele não prometeu apenas esperança, mas um rompimento" Detroit News