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Qual a importância da renúncia do diretor de comunicações do governo Trump?

Trump e sua equipe em reunião na Flórida; imagem inclui Jared Kushner (2º à esq.), genro e assessor de Trump, Sean Spicer (atrás de Trump), secretário de imprensa da Casa Branca, e Rex Tillerson (à direita do presidente), secretário de Estado - Casa Branca via Reuters
Trump e sua equipe em reunião na Flórida; imagem inclui Jared Kushner (2º à esq.), genro e assessor de Trump, Sean Spicer (atrás de Trump), secretário de imprensa da Casa Branca, e Rex Tillerson (à direita do presidente), secretário de Estado Imagem: Casa Branca via Reuters

Do UOL, em São Paulo

30/05/2017 13h31

O estrategista republicano Michael Dubke renunciou ao cargo de diretor de comunicações da Casa Branca nesta terça-feira (30), representando mais uma baixa no governo de Donald Trump pouco mais de quatro meses após o empresário chegar à Presidência dos Estados Unidos.

Dubke apresentou sua renúncia em 18 de maio, mas se ofereceu para continuar até que o presidente dos EUA, Donald Trump, encerrasse sua primeira viagem ao exterior, segundo a CNN. Ele ainda não definiu quando será seu último dia de trabalho.

À emissora americana, Dubke disse ter sido "um privilégio" servir ao presidente e afirmou que teve uma "boa conversa" com Trump ao informar a renúncia. Ele citou razões pessoais para deixar o cargo, sem especificar a causa.

O que é o cargo de diretor de comunicações da Casa Branca

O diretor de comunicações trabalha em conjunto com o secretário de imprensa, cargo ocupado hoje por Sean Spicer. Enquanto Spicer lida diretamente com os jornalistas e concede entrevistas frequentes na Casa Branca, divulgando a agenda do presidente e respondendo em nome do governo, o diretor de comunicações tem uma tarefa mais estratégica, nos bastidores, controlando e uniformizando todo o conteúdo divulgado pelo governo Trump. 

Nesse contexto, o diretor de comunicações trabalha nos discursos e notas oficiais do presidente e serve como um dos principais consultores na elaboração desse material. Geralmente, o cargo é concedido a alguém que trabalhou como estrategista do presidente durante sua campanha eleitoral --não foi o caso de Dubke, que assumiu o cargo depois de Jason Miller, consultor atuante na campanha de Trump, recusar a função na época da posse de Trump.

O cargo de diretor de comunicações da Casa Branca costuma ter alta rotatividade. Em oito anos de governo, Barack Obama teve cinco pessoas na função, mesmo número de Bill Clinton. George W. Bush teve quatro.

Quem é Michael Dubke

Dubke, 47, chegou à Casa Branca no início de março pelas mãos de Sean Spicer, que até então acumulava as funções de diretor de comunicações e secretário de imprensa. Dubke tinha em seu currículo o trabalho como consultor e estrategista de tradicionais políticos republicanos e não era uma figura ligada à equipe que ajudou a eleger Donald Trump no ano passado.

Durante seu período na Casa Branca, ele manteve um perfil discreto, longe dos holofotes. As imagens dele atuando como diretor de comunicações do governo Trump são raras.

Dubke disse ao site Politico nesta terça-feira que pretende voltar ao Black Rock Group, sua empresa de comunicações e assuntos públicos.

O que sua saída significa para o governo Trump

A renúncia de Dubke ocorre no momento em que Trump cogita mudanças na equipe da Casa Branca devido às crescentes repercussões negativas das investigações sobre as ligações da Rússia e sua campanha presidencial. As acusações envolvem o genro de Trump Jared Kushner e outros membros do governo e tiveram como consequência a polêmica demissão do diretor do FBI James Comey, que repercutiu mal para o governo.

Trump também tem expressado com frequência sua frustração com os vazamentos internos do governo, que abastecem a imprensa com detalhes sobre as investigações em andamento.

O presidente, que voltou a Washington no sábado depois de uma viagem de nove dias pelo Oriente Médio e a Europa, deve reformular sua equipe para lidar com a tempestade desencadeada pelos inquéritos sobre a suposta interferência russa na eleição.

Segundo o jornal "The New York Times", citando fontes anônimas da Casa Branca, assessores de Trump trabalham para criar uma operação de comunicações de controle de crise na Casa Branca, para separar as investigações da Rússia e escândalos relacionados dos assuntos cotidianos do governo e o trabalho de governar.

O objetivo seria montar uma "força-tarefa" para conter a crise, com advogados fora da equipe jurídica da Casa Branca e os ex-integrantes da campanha de Trump Corey Lewandowski e David Bossie administrando esse setor de comunicações.

Na parte relacionada à governança, Spicer continuaria, segundo o jornal, mas com um papel público menor. Seus comunicados diários à TV na sala de imprensa seriam substituídos por interações mais limitadas com jornalistas, enquanto Trump aproveitaria mais oportunidades para se comunicar diretamente com seus apoiadores principais por meio de comícios, aparições em redes sociais como vídeos ao vivo no Facebook e entrevistas com veículos de imprensa considerados mais amigáveis ao presidente.