Novo perfil do Parlamento será desafio para premiê britânica e o Brexit
A perda da maioria absoluta no Parlamento pode não ser a única novidade a ser enfrentada pela primeira-ministra britânica, Theresa May. Na avaliação do novo embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, a configuração parlamentar --inédita, assegurando mais assentos para minorias e mulheres-- também representa uma grande mudança. Será neste cenário que o governo de minoria que será formado pelos Conservadores deverá negociar temas importantes, incluindo toda a discussão do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Foi um resultado inesperado, mas temos pontos positivos como a alta participação do eleitorado, que chegou a quase 69%, e também o fato de termos pela um Parlamento diferente, com mais de 200 mulheres eleitas e mais de 50 integrantes de minorias étnicas", disse Rangarajan em entrevista ao UOL nesta sexta-feira (9), ao avaliar a votação.
"É uma mudança grande e inédita em termos de Parlamento", diz o diplomata, ressaltando o novo cenário político britânico.
Após a aliança dos Conservadores com o DUP (Partido Democrático Unionista), da Irlanda do Norte, Theresa May alcança maioria, mas sem folga, para levar adiante sem impasses as discussões de cada ponto do Brexit.
May convocou a eleição antecipada em uma tentativa de ampliar o seu poder no Parlamento, mas acabou perdendo cadeiras, o que pode dificultar a aprovação de medidas de seu governo em um momento em que o país iniciará o debate de cada ponto crucial para o Brexit.
"A premiê precisa do apoio do Parlamento para mudar qualquer tipo de lei, e ela precisará mudar muitas leis. Muita coisa dependerá do Parlamento, e não é só uma coisa relacionada ao poder de cada partido, mas também temos a questão de que o nosso sistema é muito local. Cada parlamentar desempenha uma representação local bem forte, e atua em nome dos eleitores de sua região. Por isso, é importante ver como será este novo Parlamento", diz o embaixador.
"As discussões relacionadas ao Brexit serão difíceis dentro de qualquer partido. É um debate muito grande. O país decidirá que tipo de economia, de sistema, de imigração, de agricultura. A pergunta será: 'Queremos que o futuro seja de que forma?', e estas são escolhas muito grandes para o próximo Parlamento", afirma.
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