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Jornalista negra é ameaçada por líder da KKK em entrevista: "vamos queimá-la"

Reprodução/Youtube
Imagem: Reprodução/Youtube

Colaboração para o UOL

18/08/2017 10h01

Uma jornalista negra e latina foi ameaçada por um líder da Ku Klux Klan (KKK) enquanto o entrevistava nos Estados Unidos. Ilia Calderón, descendente de colombianos, conta ter temido pela própria vida.

A jornalista da Univision, rede de televisão norte-americana voltada ao público latino, concordou em visitar Chris Barker, líder da KKK, em sua casa na Carolina do Norte. Assim que chegou, o homem perguntou por que ela não “voltava para o seu país”.

“Nós não temos nada aqui nos Estados Unidos, vocês continuam a enchê-lo”, afirmou o líder da organização supremacista. “Mas, como Deus diz, como o próprio Yahweh diz, nós os expulsaremos daqui.”

De acordo com Calderón, Barker disse que ela era a primeira pessoa negra a entrar em sua casa. Em um dos momentos mais tensos da entrevista, o supremacista disse que eles a “queimariam, mas provavelmente não agora”.

Na sequência, ela pergunta como eles pretendiam “queimar” 11 milhões de imigrantes. “Nós matamos seis milhões de judeus da última vez. Onze milhões não são nada”, respondeu o líder da organização supremacista.

Embora tenha proferido algumas palavras de ódio e usado termos racistas contra a jornalista, o líder da KKK afirma que o grupo é uma organização cristã, não de ódio, e que ele não se considerava racista.

“Eu sabia que seria ofendida, mas nunca imaginei em um nível como este”, contou a jornalista em um vídeo da Univision. “Eu temi pela minha segurança e pela segurança da minha equipe.”

A entrevista ocorreu em julho, antes passeata “Unite the Right” [“Unir a Direita”, em tradução livre] em Charlottesvilee, na Virginia, na última sexta-feira (11). Calderón chegou a acompanhar um ritual na propriedade em que os membros da KKK queimam uma cruz.

Barker é o “grande mago” do grupo supremacista “Loyal White Knights” (LWK) e participou da passeata.

No sábado (12), uma mulher morreu e 12 pessoas ficaram feridas quando um supremacista avançou sobre um protesto contra a passeata de sexta. O LWK comemorou o motorista por “atropelar mais de nove comunistas antifascistas”.

“Quando alguns deles morrem, isso não nos incomoda”, afirmou Barker a outro canal de televisão. “Eles estão sempre atrapalhando as nossas passeatas.”