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Família Rohingya tenta fugir de perseguição em Mianmar, mas bebê de 1 mês não sobrevive

Ondas batem em barco que virou com um grupo de refugiados Rohingya em Bangladesh - Mohammad Ponir Hossain/Reuters
Ondas batem em barco que virou com um grupo de refugiados Rohingya em Bangladesh Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

Do UOL, em São Paulo

15/09/2017 20h53

Uma jovem mãe da etnia Rohingya segura o filho nos braços como se ele estivesse dormindo. Mas o pequeno morto Abdul Masood morreu durante o naufrágio do barco em que a família fugia da violência contra o grupo muçulmano em Mianmar. O menino parece dormir, mas é uma das milhares de vítimas que o conflito deixou nas últimas semanas na Ásia.

Hamida Begum, seu marido Nasir Ahmed seus dois filhos estavam entre os 18 passageiros de um pequeno barco pesqueiro que tentou atravessar o golfo de Bengala, para chegar até o vilarejo Shah Porir Dwip, em Bangladesh.

O bebê de cinco semanas de idade morreu afogado quando o barco virou e todos foram lançados nas águas turvas já perto da terra firme. O outro filho do casal sobreviveu ao acidente. Fotógrafos que acompanham a cobertura da fuga dos refugiados rohingyas flagraram o momento em que a mãe descobriu que seu bebê estava morto. Outra imagem mostra Nasir com o filho nos braços e a avó da criança desesperada.

ATENÇÃO: AS IMAGENS A SEGUIR SÃO FORTES E PODEM CAUSAR INCÔMODO

Entre os fotógrafos estava Mohammad Ponir Hossain, que registrava a chegada dos refugiados que desembarcam exaustos na praia para a agência de notícias Reuters. Assim como muitos outros, ele correu quando ouviu os gritos de que um barco tinha virado. "Encontrei as pessoas chorando sobre o cadáver de um bebê", disse Ponir.

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A refugiada Hamida Begum, da etnia Rohingya, segura o filho morto nos braços após o barco em que a família estava virar na fuga de Mianmar para Bangladesh
Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

"Eles estão tão desesperados que arriscam suas vidas para escapar de Mianmar. As fotografias mostram o que está acontecendo por lá", afirmou o fotógrafo, que registrou os momentos em que a família lamentava a morte do pequeno.

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O refugiado Nasir Ahmed, da etnia Rohingya, segura o filho recém-nascido morto nos braços
Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

A família de Hamida estava entre as mais de 10 mil pessoas da etnia Rohingya que embarcam diariamente em pequenos barcos de madeira, sem qualquer tipo de segurança, para a travessia que chega a durar até cinco horas. Eles fogem da perseguição e violência, das ações militares contra suas aldeias e vilas --que a ONU já qualificou como limpeza étnica realizada pelo governo de Mianmar.

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Enquanto o refugiado Nasir Ahmed segura o filho recém-nascido morto nos braços, Hamida Begum, da etnia Rohingya, se desespera enquanto segura o filho que sobreviveu
Imagem: Dar Yasin/AP

Não são somente os ataques militares --há relatos de estupro, assassinatos e incêndios criminosos. A ONU afirma que pelo menos mil pessoas há morreram desde 25 de agosto e ao menos 400 mil fugiram para Bangladesh.

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A refugiada Hamida Begum, da etnia Rohingya, segura o filho morto nos braços após o barco em que a família estava virar na fuga de Mianmar para Bangladesh
Imagem: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

Os rohingya são uma minoria étnica muçulmana de Mianmar, predominantemente alocada no Estado de Rakhine, no oeste do país. Seus membros não são oficialmente reconhecidos pelo governo como cidadãos, e há décadas a maioria budista birmanesa é acusada de submetê-los a discriminação e violência. São considerados pela Organização das Nações Unidas e pelos Estados Unidos como uma das minorias mais perseguidas do mundo. (Com agências internacionais)