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Jornalistas têm que iluminar a escuridão, diz vencedora do Nobel da Paz

Jornalista filipina Maria Ressa disse que prêmio reconhece a importância do jornalismo para a democracia - TED ALJIBE / AFP
Jornalista filipina Maria Ressa disse que prêmio reconhece a importância do jornalismo para a democracia Imagem: TED ALJIBE / AFP

Do UOL, em São Paulo

10/10/2021 22h59

Uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz de 2021, Maria Ressa, das Filipinas, defendeu a importância do jornalismo para a manutenção democracia. Para ela, que é conhecida por duras críticas ao governo de seu país, jornalistas incomodam governantes porque estão "constantemente procurando por prestação de contas".

"Em uma democracia que funcione perfeitamente, estamos todos, na verdade, trabalhando juntos. Por que quando exigimos que o governo preste contas, isso também ajuda quem está no poder. Tudo fica mais transparente", disse, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

A jornalista de 58 anos também defendeu que a liberdade de imprensa não tem a ver apenas com os que exercem a profissão, mas com toda a sociedade, porque representa o direito à informação. Ela foi reconhecida por seu trabalho no site de notícias Rappler.

Ressa, que já recebeu 10 ordens de prisão em menos de dois anos, e ainda corre o risco de ser presa, disse esperar que o prêmio Nobel da Paz a ajude nos processos movidos contra ela. Para a jornalista, o governo das Filipinas quer usá-la como exemplo.

"Acho que não tem jeito. Jornalistas têm de apontar a luz, iluminar a escuridão. E foi isso que o Comitê do prêmio Nobel fez", afirmou.

De acordo com a Ressa, que tem sofrido intenso cyberbullying, especialmente desde que Duterte chegou ao poder em 2016, mulheres jornalistas sofrem muito mais que os colegas homens. No país, são 10 vezes mais ataques onlines direcionados a elas.

"A equipe de investigação do meu site analisou quase meio milhão de ataques que eu recebi nas redes sociais. São sexistas, são desumanizadores. Eles atacam a minha imagem, o jeito que eu falo. São feitos para tentar me humilhar até o silêncio. Mas não funcionaram", garantiu.

Nobel da Paz

Além de Maria Ressa, o russo Dmitry Muratov também foi premiado. Os jornalistas foram escolhidos por sua "luta corajosa" pela liberdade de expressão em seus países. A comissão se referiu à dupla como "representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal".

O site de notícias Ressa, da filipina, chama a atenção por fortes críticas à campanha antidrogas do regime de Rodrigo Duterte, presidente do país que é conhecido por ameaças e acusado de mandar matar oponentes políticos.

Já Muratov é cofundador do jornal independente Novaja Gazeta, e editor-chefe do mesmo há 24 anos. O periódico russo, inclusive, é conhecido por forte resistência a ameaças, assédio e violência desde 1993, ano de sua fundação. Nos últimos 20 anos, seis jornalistas do veículo foram mortos.