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Estrela das fabricantes, smartwatches ainda buscam o seu público

  • Philippe Merle/AFP

Saem os smartphones, tablets, PCs ultrafinos e as TVs curvas que parecem ter vindo direto do futuro; entra o relógio conectado, a nova estrela dos salões de eletrônicos abertos para o público e dos "keynotes", as palestras de apresentação de produtos. A IFA, grande feira dos eletrônicos que acontecerá entre os dias 4 e 9 de setembro em Berlim, não foge à regra.

Tanto a Samsung quanto a Sony, a Intel, a Asus, a LG e também a Huawei, praticamente todas as marcas presentes, estarão lançando seu relógio inteligente. Embora a Huawei tenha sido a primeira, na quarta-feira (2), com seu relógio conectado de luxo, é para a Samsung que todos os olhares se voltarão este ano, mais uma vez. É preciso dizer que, em matéria de terminais móveis, a coreana é considerada como a única fabricante capaz de rivalizar um tanto que seja com a Apple.

Para os analistas, está claro: apresentada em setembro de 2014 e depois lançada em abril de 2015, é a pequena joia de tecnologia da empresa da maçã que domina esse mercado. Mas a questão toda é saber se realmente existe hoje um mercado para esses produtos.

Ainda que eles anunciem números impressionantes de vendas, todos os observadores do setor (principalmente as consultorias e empresas de pesquisa de mercado) concordam em dizer que esse segmento está longe de cumprir suas promessas. É verdade que a consultoria IHS prevê a venda de 28 milhões de "smartwatches" até o final de 2015, levando o valor do mercado para US$ 7 bilhões (R$ 27 bilhões). Mas por enquanto essas são só estimativas, visto que nenhum dos fabricantes forneceu ainda números de vendas.

"Um mercado de nicho"

De fato, continua sendo difícil ver esses pequenos objetos nos pulsos do grande público, que ainda não se deixou convencer pelo objeto e se mostra cético quanto a seu interesse real. Na Fnac, uma das maiores redes de produtos eletrônicos, é fácil reconhecê-los: "Por enquanto, é um mercado de nicho. O posicionamento de preço em relação aos outros objetos conectados como os rastreadores de atividades –os terminais que registram o número de passos ou ainda a pulsação cardíaca– é ainda assim mais elevado", ressalta Charlotte Peltier, diretora do departamento de objetos conectados para varejo. "Embora os consumidores estejam interessados e façam muitas perguntas nas lojas", ela faz questão de explicar.

Para Peltier, a oferta ainda não é grande o suficiente para atrair o olhar dos clientes em potencial, uma situação que deverá mudar após a edição de 2015 da IFA. Já Eric Gervais, da consultoria AT Kearney, acredita que o problema é mais amplo que somente a falta de oferta.

Ele reconhece que a chegada de um rolo compressor como a Apple ajudará na popularização do produto, abrindo caminho para as outras marcas. Mas, para o analista, o verdadeiro problema é que ainda não há um uso que o diferencie e justifique a compra de um relógio conectado. "Por enquanto, os relógios conectados permitem fazer o mesmo que um smartphone, como ler suas mensagens, ver suas notificações etc. Mas eles não mostraram como são melhores, não apresentaram vantagens suficientes para fazer com que as pessoas os comprem", ainda mais que a pouca duração da bateria é uma séria desvantagem: "As pessoas aceitam recarregar seus smartphones todas as noites, mas não seus relógios."

Já Roeen Roashan, da consultoria IHS, destaca outro problema ainda: o design. "Até hoje, os relógios lembravam gadgets, pesados e quadrados." Para ele, os fabricantes que conseguirão alavancar o mercado serão aqueles que enxergarem que os consumidores não querem um "smartphone piorzinho" no pulso, mas sim um objeto mais simples, ainda que inteligente, que lembre mais nossos relógios tradicionais.

A escolha é justamente o que a Withings, estrela francesa das novas tecnologias, diz oferecer. A startup francesa lançou, em 2014, o "Activité", um relógio conectado que lembra uma pulseira mais clássica: "A ideia é enriquecer um belo relógio como o conhecemos, mas que traz muitos serviços –todas as espécies de sensores e uma conectividade compatível com os smartphones– e uma bateria que dura", explica Cédric Hutchings, cofundador da empresa.

Os gigantes das novas tecnologias parecem estar prestes a tomar essa direção. Prova disso é o relógio apresentado pela Samsung na quinta-feira, o Gear S2, que possui um design mais clássico, mais arredondado, que lembra um relógio de luxo, enquanto os anteriores, mais pesados, grossos e quadrados, lembravam um gadget. Idem para a Huawei e seu relógio que pretende ser um "clássico atemporal."

Mas concorrentes insuspeitos poderão surgir, como as joalherias. Se é o clássico que tem chances de seduzir o público, ninguém duvida que uma aliança como a que a Tag Heuer fez com a Intel para lançar um relógio conectado até o final de 2015 possa acertar em cheio. Mas nada garante que todos esses esforços serão suficientes para enfrentar a Apple. A empresa de Cupertino sentiu a tendência e, para o lançamento de seu Apple Watch, o grupo apostou em os códigos do luxo.

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