Opinião: Por que não publicamos uma crítica de "Star Wars" antes da estreia
Assim como alguns bilhões de outros seres humanos, a equipe de cinema do "Le Monde" se preparava para descobrir o sétimo filme da série inaugurada há 39 anos por George Lucas. Mas precisamos esperar até a estreia oficial, assim como todos os outros mortais que moram na França.
Na verdade, a Disney, que comprou a Lucasfilm em 2012, nos convidou para assistir a "Star Wars: O Despertar da Força" na terça-feira (15), o que teria nos permitido publicar uma crítica em nossa edição de quarta-feira [data para o lançamento na França]. Mas, as condições que a empresa das 'orelhas redondas' impôs para a presença de jornalistas nessa pré-estreia nos pareceram inaceitáveis.
Como tem acontecido com cada vez mais frequência para os grandes lançamentos hollywoodianos, você deve se sujeitar a uma profusão de precauções que beiram o grotesco: obtenção de um código "QR de acesso pessoal" após a assinatura de um termo de responsabilidade, local e horário mantidos em segredo e comunicados na véspera pelo celular, presença anunciada de agentes de segurança equipados de binóculos de visão noturna, "embargo a críticas" até as 9h01 do dia seguinte...
Além disso, e mais importante, há essa vontade demonstrada pela distribuidora de controlar o conteúdo dos artigos redigidos após a exibição do "Despertar da Força". O formulário online que devem assinar os jornalistas que queiram assistir, de fato lhes pede que "não revelem os elementos-chave da trama do filme para não prejudicar a diversão dos futuros espectadores".
"Atesto que qualquer revelação de minha parte a respeito desse filme a pessoas que não o tenham assistido constituirá um prejuízo à Disney/Lucasfilm sujeito a reparação", diz o documento. Em um e-mail que acompanha esse formulário, os remetentes chegam a ordenar que se mantenham em segredo "as ligações entre os personagens".
Na história do jornalismo, nunca nenhuma produtora havia se intrometido dessa forma no conteúdo dos artigos e das conversas privadas dos jornalistas com seus parentes e amigos, ainda por cima ameaçando entrar com processos. Tudo isso ilustra a natureza da franquia "Star Wars", que precisa justificar para os acionistas da Disney o colossal investimento de US$ 4,4 bilhões que custou a compra da Lucasfilm. Cada decisão, inclusive a restrição às críticas, é tomada seguindo essa necessidade mais do que pela vontade de criar ou de entreter.
É verdade, podemos concordar com o Mickey que "spoilers" são um pecado. Mas, se não se pode falar sobre o que se passa na tela nem sobre os personagens que a povoam, só restam cenários e efeitos especiais.
No site do "Le Monde" ou nas páginas do jornal, falaremos sobre tudo aquilo que nos pareceu interessante ou não no filme.
Tradutor: UOL
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