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CNBB aponta retrocesso da Rio+20 em relação à conferência anterior

O secretário-geral, dom Leonardo Steiner, o presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, e o vice-presidente dom José Belisário, falam sobre o posicionamento dos bispos em relação à Rio+20, a corrupção e a impunidade no Brasil - Antonio Cruz/Agência Brasil
O secretário-geral, dom Leonardo Steiner, o presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, e o vice-presidente dom José Belisário, falam sobre o posicionamento dos bispos em relação à Rio+20, a corrupção e a impunidade no Brasil Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Marcos Chagas

Da Agência Brasil, em Brasília

22/06/2012 15h17

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, chega ao fim com um retrocesso quando se comparam seus resultados com os avanços obtidos na conferência anterior, a Eco 92. A análise foi feita pelo Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), após dois dias de debates.

Os bispos católicos questionaram principalmente o que classificaram de "desvio" dos dirigentes mundiais no trato da educação como instrumento capaz de resultar em relações novas e éticas com o meio ambiente. O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a economia verde defendida pelas autoridades  governamentais foge do debate central de desenvolvimento de uma política ambiental que promova o crescimento sustentável.

“A Rio+20 indica uma resposta a essas questões com a chamada economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável”, diz o documento final do conselho.

Dom Leonardo Steiner, que coordenou os trabalhos sobre o tema durante a reunião dos bispos e arcebispos, destacou que a própria medida provisória (MP) do Código Florestal, em análise no Congresso, mostra o “descuido” dos governantes quando o tema em questão é o meio ambiente.

Segundo ele, a MP apresenta pontos de retrocesso na legislação ambiental. Ele citou, por exemplo, o tratamento dado pelo governo à preservação de matas ciliares nas margens de rios, riachos e córregos. “Isso não tem avançado”.

Para o secretário-geral da CNBB, a crise financeira nos Estados Unidos e países europeus pesará na construção de uma agenda mundial de preservação ambiental e desenvolvimento com sustentabilidade.

O bispo defendeu a retirada do documento final da Rio+20 do ponto que tratava do direito reprodutivo da mulher. Para ele, além das questões ambientais, os dirigentes introduziram no texto assuntos que não guardavam relação com o tema em debate. O veto ao direito reprodutivo foi feito pelos representantes do Vaticano na reunião de cúpula.