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Bonecos importados vão agilizar localização de vítimas de tubarões em PE

Bonecos importados da Inglaterra serão usados no estudo de correntes marítimas para aumentar a eficácia em casos de ataques de tubarão - Divulgação
Bonecos importados da Inglaterra serão usados no estudo de correntes marítimas para aumentar a eficácia em casos de ataques de tubarão Imagem: Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió (AL)

22/07/2014 18h28

Sete bonecos importados da Inglaterra já estão em Pernambuco para serem usados no estudo de correntes costeiras que permitirá traçar áreas no mar para onde os corpos de vítimas de ataques de tubarão e afogamento são levados, antes de serem devolvidos à terra pela força das ondas.

Organizado pelo Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), o estudo fará uso dos chamados ‘bonecos de salvatagem’ (de tamanho e formatos similares ao humano, usados em treinamento de resgate), assim que forem liberados pela alfândega. Cada um custou R$ 7 mil --seis em tamanho adulto e um em tamanho infantil.

O Cemit pretende ainda iniciar os trabalhos neste inverno para aproveitar a estação do ano em que aconteceu o último ataque de tubarão.

Em 22 de julho de 2013, a jovem Bruna Silva Gobbi, 18, que estava passando férias no Recife, foi mordida na perna por um tubarão quando nadava próximo ao edifício Castelinho, em Boa Viagem. Na área existem placas sinalizando o perigo de banho de mar devido ao ataques de tubarão. Até agora, 24 mortes e 59 ataques de tubarão a banhistas no litoral de Pernambuco foram registrados pelo Cemit, desde 1992, quando o comitê foi criado.

Com o estudo, o Cemit pretende diminuir o tempo de localização e resgate das vítimas para que os corpos passem pelo exame de necropsia com menos marcas de animais marinhos, e assim, seja possível especificar melhor a causa da morte.

“Os bonecos serão colocados em locais de incidência de ataques de tubarão e iremos usar GPS para ver o que acontece com eles”, diz Rosângela Lessa, presidente do Cemit. O foco principal é o comportamento das correntes costeiras para traçar os pontos para onde os corpos são levados no mar antes, de serem expulsos pelas ondas. “Assim vamos diminuir o tempo de localização de vítimas”.

“Corpos que ficam no mar por muito tempo acabam retornando com diferentes mordidas de animais e isso atrapalha a necropsia. Vamos saber pela característica das marcas nos bonecos também que animais marinhos atacam mais”, disse Lessa.

Segundo a oceanógrafa, dos 59 ataques de tubarão registrados em Pernambuco, de 1992 até agora, apenas em oito casos foram identificadas as espécies que atacaram as vítimas.

O trabalho de monitoração do Cemit acontecerá nas quatro estações climáticas do ano para que situações de clima e vento sejam estudadas com precisão. O estudo ainda não definiu quanto tempo os bonecos ficarão boiando no mar.

Os resultados serão repassados para um cadastro de rota de resgate do Corpo de Bombeiros, que é o responsável pelo resgate de vítimas.

Tubarões-tigre

A ONG internacional Ocearch vai iniciar a instalação de chips em tubarões-tigre para estudar o comportamento migratório desses animais marinhos. Os tubarões são capturados na costa do Recife, na foz do Rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, na altura do Cabo Calcanhar (Rio Grande do Norte), e no Arquipélago de Fernando de Noronha.

Área de risco

O litoral de Pernambuco possui uma faixa de 30 km onde é proibida a prática de esportes náuticos, como o surfe, e também não é recomendado o banho de mar devido aos ataques de tubarão. A proibição começa na praia do Chifre, em Olinda (região metropolitana do Recife), e vai até a praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho (Região metropolitana do Recife). No meio do trecho ficam as praias do Pina e de Boa Viagem, no Recife, onde também há restrições.

Atualmente existem 44 pares de placas indicativas ao longo da área de risco de ataques de tubarão, em português e em inglês.