COP-21 tem semana decisiva para afastar "catástrofe climática"
A conferência do clima entrou nesta segunda-feira (7) em sua semana decisiva para alcançar um acordo que, nas palavras do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, permita afastar o fantasma de uma catástrofe planetária iminente.
"A catástrofe climática nos ameaça", advertiu Ban ao abrir a fase ministerial das discussões entre os 195 países que participam da Conferência de Paris sobre o clima (COP-21). "O mundo espera algo mais que meias medidas", acrescentou.
O tempo urge porque os ministros planejam fechar nesta semana as dezenas de pontos que ficaram entre colchetes no rascunho elaborado na semana passada pelas delegações nacionais.
O objetivo é alcançar um acordo, aplicável a partir de 2020, para conter o aquecimento global a um máximo de 2ºC em relação à era pré-industrial.
Os países insulares e os menos avançados exigem medidas para conter o aumento das temperaturas a 1,5º, uma perspectiva que encontra resistência entre os grandes emissores.
"Se salvarmos Tuvalu, salvamos o mundo", declarou Enele Sosene Sopoaga, o primeiro-ministro deste arquipélago cuja existência está ameaçada por um aumento das águas do Pacífico.
Quase todos os países - 185 dos 195, que representam mais de 98% das emissões de gases de efeito estufa (GEI) causadores do aquecimento global - apresentaram planos de reduções voluntárias de emissões, mas estes esforços são claramente insuficientes porque só permitiriam limitar o aquecimento a entre 2,7º e 3,5º.
Ban destacou a este respeito a necessidade de instaurar a partir de 2020 uma revisão quinquenal dos compromissos contraídos para que possam "ser reforçados em função dos dados científicos disponíveis".
Financiamento dos países do sul
O ministro francês das Relações Exteriores e presidente da COP21, Laurent Fabius, afirmou que os ministros tinham o dever de fornecer "decisões políticas" às questões pendentes.
Um comentário que segue a linha das declarações do negociador da União Europeia, o espanhol Miguel Arias Cañete, que admitiu após a entrega do rascunho que "todos os temas políticos complicados" ainda não tinham solução.
Entre estes temas também figuram o financiamento da ajuda climática aos países do sul e a divisão dos esforços entre países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento na redução do GEI.
Os países em desenvolvimento pressionam para que os 100 bilhões de dólares anuais de ajuda à conversão à economia verde prometidos a partir de 2020 sejam apenas um ponto de partida.
"Exigimos um aumento substancial da base de 100 bilhões de dólares a partir de 2020", disse em seu discurso nesta segunda-feira a sul-africana Nozipho J. Mxakato-Diseko em nome do grupo G77+China, que reúne mais de 130 países em desenvolvimento, entre eles todos os da América Latina, com exceção do México.
Para fazer as negociações avançarem, Fabius estabeleceu durante o fim de semana quatro grupos de trabalho e nomeou 14 facilitadores.
Apesar de o tempo ser curto, o otimismo era a tônica dominante no fim de semana, especialmente se for comparado com o clima da COP15 em Copenhague, quando as esperanças de um pacto vinculante capaz de frear as emissões de gases de efeito estufa desmoronaram há cinco anos, apesar dos adiamentos de última hora.
A esta altura, em Copenhague, "já estávamos em uma espiral depressiva. Aqui estamos sobretudo em uma espiral positiva", ressaltou o ecologista Nicolas Hulot à emissora de rádio francesa RTL.
Para os movimentos sociais, um fracasso similar ao registrado na capital dinamarquesa também pode representar um golpe duro para a mobilização em favor do clima, advertiu Ismael Canoyra, da associação Alternatiba.
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