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Crescimento lento da economia chinesa adia o 'declínio' dos Estados Unidos

Bill Emmott

  • Martin H. Simon/EFE

    Barack Obama recebe o vice-presidente da China, Xi Jinping, na Casa Branca, em Washington (14/2/2012)

    Barack Obama recebe o vice-presidente da China, Xi Jinping, na Casa Branca, em Washington (14/2/2012)

O presidente Barack Obama foi audacioso em repetir, em seu discurso de vitória, uma das frases favoritas do ex-presidente Ronald Reagan, que “o melhor está por vir” para os EUA. E foi preciso ainda mais audácia para repetir algumas de suas próprias frases antigas sobre o bipartidarismo, após uma campanha de eleição tão amarga. Pode-se até dizer que ele derrotou seu rival republicano, Mitt Romney, de uma forma mais limpa do que a maior parte dos especialistas esperava, então é compreensível um pouco de otimismo excessivo. Ainda assim, é perfeitamente possível que Obama possa estar certo. Não é assim que parece para os 23 milhões de americanos desempregados, nem para as centenas de milhões da “classe média espremida”, que viram sua renda estagnar ou declinar nos últimos anos, enquanto os ricos adquiriam novas casas de luxo. Tampouco será essa sensação se, em algum momento durante o segundo mandato de Obama, a China superar os EUA como a maior economia do mundo, o que pode muito bem acontecer quando forem usadas medidas que ajustam a produção econômica de acordo com o poder de compra interno.   LEIA MAIS OCDE vê estabilização na China e nos EUA; Europa ainda fraqueja Pequim espera que política de Obama "beneficie tanto os EUA quanto a China" Tal momento seria puramente simbólico. Mas os símbolos importam, tanto para a credibilidade internacional quanto para a confiança doméstica. O crescimento chinês mais lento, ou o crescimento americano mais rápido, podem adiar esse dia para o primeiro mandato do próximo presidente, mas ainda assim provavelmente acontecerá em breve. Quando acontecer, o momento será estudado por jornalistas e analistas em torno do mundo, pois se encaixa com uma narrativa conveniente: que os EUA estão em declínio, acompanhados pelo resto do Ocidente. O século americano, proclamado pelo fundador da revista “Time”, Henry Luce em 1941, teria terminado quase três décadas mais cedo.

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