Com reforma ministerial, ministros fazem "despedida" em eventos com Temer

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Ueslei Marcelino/Reuters

    Henrique Meirelles deixa o Ministério da Fazenda até o próximo dia 7

    Henrique Meirelles deixa o Ministério da Fazenda até o próximo dia 7

Com o início nesta semana da reforma ministerial para que os titulares das pastas possam concorrer às eleições deste ano, o governo vai promover eventos para a despedida dos ministros junto ao presidente Michel Temer (MDB).

Pelo menos dez ministros deverão se descompatibilizar dos cargos até 7 de abril, prazo estipulado pela lei eleitoral para participar do pleito de outubro. São eles: Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Helder Barbalho (Integração Nacional), Henrique Meirelles (Fazenda), Leonardo Picciani (Esporte), Marx Beltrão (Turismo), Maurício Quintella (Transportes), Mendonça Filho (Educação), Osmar Terra (Desenvolvimento Social), Ricardo Barros (Saúde) e Sarney Filho (Meio Ambiente).

A previsão é que os ministros da Saúde e dos Transportes, Ricardo Barros e Maurício Quintella, saiam das pastas até quinta-feira (29). Para se despedir, ambos terão eventos com Temer nos quais deverão fazer um balanço de suas atuações à frente dos ministérios.

Nesta terça-feira (27), haverá uma cerimônia da Ordem do Mérito Médico no Palácio do Planalto. Na quinta, Michel Temer viajará com Quintella para inaugurar o novo aeroporto de Vitória, no Espírito Santo.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, deverá se desligar somente na próxima semana, mas já promoverá um evento nesta quarta (28) no Planalto para anúncio de recursos para o programa Mais Alfabetização.

No momento, quatro ministérios estão sendo comandados por interinos: Trabalho, Direitos Humanos, Indústria e Defesa. Deverão permanecer no governo os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Raul Jungmann (Segurança Pública), Blairo Maggi (Agricultura), Torquato Jardim (Justiça), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Sérgio Sá Leitão (Cultura) e Dyogo Oliveira (Planejamento).

Ainda não há definição sobre a permanência dos ministros Alexandre Baldy (Cidades), Gilberto Kassab (Ciência) e Carlos Marun (Secretaria de Governo). Este último diz querer se licenciar do ministério para voltar a ser deputado federal e apresentar um pedido de impeachment contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso na semana que vem. O retorno dependeria de posicionamento de Temer, afirma.

Troca-troca e negociações

A partir desta terça, Temer irá intensificar as negociações para a escolha dos substitutos nos ministérios junto a Eliseu Padilha e Moreira Franco. Eles se já se reuniram com os ministros de saída e, agora, irão focar as conversas com os partidos dos quais fazem parte.

Nos próximos dias, por exemplo, Temer deverá se reunir com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), para resolver a situação da Saúde e da Caixa Econômica Federal. A tendência é que Ricardo Barros, filiado ao partido, seja substituído pelo atual presidente do banco, Gilberto Occhi, também do PP.

Embora as nomeações de vice-presidentes da Caixa agora tenham de ser aprovadas por seu Conselho de Administração e pelo Banco Central, o PP não pretende abrir mão de fazer suas indicações políticas.

Segundo um assessor de Temer, o pré-requisito para os partidos manterem a pasta é ter "compromisso com o governo". Ou seja, permanecer na base aliada, defender o programa do governo Temer, como as reformas, na campanha eleitoral e apoiar o eventual candidato do Planalto. Nos ministérios em que não houver uma definição até 7 de abril, a tendência é que estes fiquem sob o comando dos secretários-executivos até futuras trocas.

No Ministério da Educação, a mais cotada é a atual secretária-executiva, Maria Helena Guimarães. Já na Fazenda, os mais bem avaliados são o secretário-executivo, Eduardo Guardia, e o secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria, Mansueto Almeida.

Ao UOL, dois auxiliares do Planalto afirmaram que a filiação de Meirelles para o MDB está "encaminhada". O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, também deu declaração nesse sentido nesta segunda (26). Meirelles deve sair da Fazenda somente nos dias 6 ou 7 de abril. A intenção é que tanto Temer e Meirelles se viabilizem eleitoralmente. Mas, se o presidente não conseguir, poderá lançar somente seu ministro. Enquanto isso, tentará cacifar ambos para a disputa.

A justificativa do Planalto é de defender o legado do governo e formar uma candidatura "séria e consistente", com respeito do mercado e dos demais candidatos. "O Temer forçaria até onde der e depois deixaria o Meirelles seguir na frente", avaliou um assessor, sem, no entanto, descartar alianças com outras siglas como o próprio DEM, do presidente da Câmara e pré-candidato Rodrigo Maia (RJ).

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