Para Gilmar Mendes, J. Barbosa terá dificuldade de dialogar com políticos

Do UOL, em São Paulo

  • Carlos Moura/STF

    O ministro do STF Gilmar Mendes

    O ministro do STF Gilmar Mendes

Em entrevista ao apresentador José Datena, veiculada na tarde deste sábado (5) pelo programa "Brasil Urgente" da TV Bandeirantes, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que o ex-colega de corte Joaquim Barbosa (PSB) "terá imensa dificuldade de dialogar com políticos", caso se candidate à Presidência da República.

"Eu vejo o ex-ministro Joaquim Barbosa com imensa de dificuldade de atuar na vida política. Ele é certamente uma pessoa capaz e com bons propósitos, mas o vejo com imensa dificuldade de dialogar com políticos", afirmou Mendes, que acrescentou que a vida política exige "flexibilidade".

"Sem dúvida nenhuma o ministro Joaquim tem qualificações para a função, mas a mim, me parece, que ele terá imensas dificuldades nesse diálogo."

"Barbosa terá dificuldade em dialogar com políticos", diz Mendes

Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa tiveram discussões durante a passagem deste último pelo STF. Em uma delas, ocorrida em abril de 2009, Barbosa disse que Gilmar Mendes não estava falando com "um de seus capangas do Mato Grosso". 

Em 2009, Mendes e Barbosa discutiram durante sessão do STF

Ainda sem confirmar se pretende disputar a Presidência na eleição presidencial de outubro, Barbosa oscila entre 9% e 10% das intenções de voto, a depender do cenário, na última pesquisa divulgada pelo Datafolha.

Durante a entrevista, Mendes afirmou que o atual sistema político brasileiro exige capacidade de diálogo de quem ocupa o Palácio do Planalto. Ele apontou que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que o nomeou para o STF, e Lula (2003-2010) possuíam essa qualidade. 

"Os dois sabiam conviver com a contrariedade do sistema. Sabiam negociar com o Congresso".

Mendes defendeu ainda que o Brasil precisa passar por uma reforma política e do sistema partidário e indicou que é favorável à adoção de um "sistema semipresidencialista" como forma "de mitigar a crise" pela qual passa o país. 

"Nós teríamos um presidente da República com algumas funções específicas, e um primeiro-ministro indicado pelo Congresso", afirmou o ministro.

"Lula está inelegível"

Quando questionado sobre a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cumpre pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em Curitiba, Mendes afirmou que o petista está "inelegível", já que a condenação em segunda instância o impede de se candidatar, como determina a Lei de Ficha de Limpa.

"O próprio Lula, que é um animal político, sabe que sua candidatura é inviável", afirmou Mendes.

O ministro do STF comentou também sobre as críticas que sofre pelo conteúdo de seus votos em sessões do STF. Ele afirmou que o STF tem que ter coragem de manter posições contra o que a maioria da população deseja.

"O indivíduo que me xinga ou xinga outros ministros se esquece que a polícia que bate na porta do político hoje, vai bater na porte dele também com truculência."

Para Mendes, é preciso que o STF encontre junto com o Poder Legislativo uma forma adequada para "restringir o foro por prerrogativa de função". 

"Aqui no STF os processos são acompanhados com total transparência, com escrutínio público. Mas se um desses processos descer para o interior de Pernambuco, por exemplo, ninguém irá acompanhar seu andamento."

"Não há salvação fora da política", diz Gilmar Mendes a Datena

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