PT chegou ao fundo do poço em 2016, afirma Luiz Marinho

Janaina Garcia e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Luiz Marinho, afirmou na manhã desta segunda-feira (28) que as eleições deste ano são completamente diferentes das duas últimas. Questionado durante sabatina realizada pelo UOL, SBT e Folha de S.Paulo sobre como pretende vencer a disputa no estado onde o PSDB conseguiu votações expressivas em 2014 e 2016, o petista disse que seu partido está se recuperando.

Para Marinho, o PT "chegou ao fundo do poço" em 2016, quando a sigla conseguiu manter apenas uma das nove prefeituras da região metropolitana de São Paulo então comandadas pela sigla. O partido perdeu inclusive em São Bernardo do Campo, no ABC, onde o petista era prefeito. Seu candidato à sucessão não conseguiu ir para o segundo turno.

"Em 2016 chegamos à preferência partidária a 6% na capital, ou seja, caímos lá no fundo do poço e estamos em franca recuperação, 20% da capital de preferência partidária. Ou seja, se a eleição fosse hoje, o resultado não seria o que foi em 2016", apontou, informando que o partido conseguiria despontar este ano. Para ele, as pesquisas expressam os números.

Leia mais sobre a sabatina

Marinho afirmou que a situação da então presidente Dilma Rousseff (PT) teve muito peso nas eleições de 2016. "A Dilma teve desgastes", afirmou o ex-prefeito. "Ela virou parâmetro de escolhas negativas", completou.

"Se você observar a evolução das coisas, 2018 é uma eleição completamente diferente da de 2016, em especial, e também a de 2014", disse Marinho. "A campanha [deste ano] vai dar à luz, não só de trazer o conhecimento, mas as fragilidades dos meus adversários", complementou, ao apontar que terá de ultrapassar a barreira de não ser um nome conhecido no estado.

Segundo pesquisa Ibope, divulgada em 24 de abril deste ano, Marinho tinha 4% das intenções de voto, atrás de João Doria (PSDB), com 24%, e Paulo Skaf (MDB), com 19%.

Na sabatina, Marinho lembrou que, em 2008, ao deixar o Ministério da Previdência, para ser candidato a prefeito de São Bernardo do Campo, tinha 3% das intenções de voto e acabou vencendo a eleição.

Lula é inocente

Ao longo da sabatina, Marinho enalteceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso após ser condenado na Lava Jato, e defendeu sua candidatura à Presidência

Marinho, porém, admitiu que o PT errou em "algumas escolhas" durante o governo Lula. O petista destacou que o apoio do povo ao ex-presidente era a oportunidade correta para o partido fazer "reformas necessárias" no país, como a política e a tributária.

Marinho disse que o ex-presidente continua ao seu lado. De acordo com o pré-candidato, seu colega de partido é "totalmente inocente".

"A culpa é minha?"

O petista também negou que tenha havido doações irregulares de campanha supostamente feitas a ele pela Odebrecht, em 2012, mas salientou que situações do tipo são responsabilidade da empresa, e não dele.

Em acordo de delação no âmbito da operação Lava Jato, o diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou que a empreiteira teria doado R$ 550 mil à campanha vitoriosa de Marinho, em 2012, à Prefeitura de São Bernardo do Campo. À Justiça Eleitoral, no entanto, o petista declarou ter recebido R$ 50 mil da empresa.

"Em 2012 praticamente não fiz campanha; gastei muito menos [que na campanha de 2008]. Não passa de uma verdadeira invenção por parte do Alexandrino se houve algum caixa dois. Doação oficial é doação oficial", afirmou.

"Se o empresário fez alguma irregularidade para fazer doação, ele que responda. Se um cidadão chega e doa, e se ele roubou de alguém [o dinheiro doado], a culpa é minha?", indagou.

"O PT praticou o mesmo que todos os partidos. Para ter um tesoureiro do PT preso, teria que ter de todos os partidos presos. Se isso não é perseguição", declarou.

Marinho: se empresário rouba e doa, a culpa é minha?

Segurança pública

Segundo Marinho, caso seja eleito, sua gestão vai aumentar o efetivo da polícia e a valorização do policial. Ele não explicou como conseguiria fazer isso.

Marinho afirmou, ainda, ser contra a proposta de mudar a Polícia Civil da Segurança Pública para a secretaria da Justiça, proposta do atual governador, Márcio França (PSB).

Transporte público

Indagado sobre problemas de superlotação no transporte que geram, por exemplo, situações de abuso sexual contra mulheres, o pré-candidato afirmou que pretende investir em qualidade do transporte na região metropolitana e estimular a ação conjunta entre governo do estado e prefeituras sobre isso.

"É preciso trabalhar investimento pesado nesse segmento, com planejamento do governo estado. Há obras de 'São Nunca' que nunca saem, como as do monotrilho", criticou.

Márcio França será o próximo sabatinado

Marinho foi o primeiro pré-candidato a ser sabatinado entre os postulantes ao governo estadual deste ano. Na quarta-feira (30), será a vez do governador Márcio França (PSB). Na semana que vem, serão entrevistados João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB).

Veja íntegra da sabatina do UOL, Folha e SBT com Luiz Marinho

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos