Ciro compara Bolsonaro a Hitler: "Não podemos ser delicados"
Daniela Garcia
Do UOL, em São Paulo
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Ricardo Borges/UOL
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) criticou nesta quarta-feira (30) a proposta do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), também pré-candidato, de chamar cinco generais para assumir ministérios em eventual governo. "Tem um concorrente [Bolsonaro] que diz aí que vai montar metade de seu governo com generais. Nessa suposição imbecil, do boçal que é, de que general é capaz de entender melhor de tudo", disse o pedetista durante evento em São Paulo.
Em entrevista ao site Poder360 há três dias, o deputado disse que, caso seja eleito, nomeará ao menos cinco militares para chefiar pastas de seu governo.
Ciro diz que não poderia ser "delicado" e amenizar as críticas a Bolsonaro. "Fomos delicados com Hitler durante um tempo e olha no que deu", comparou. A declaração foi dada a especialistas do setor de biocombustíveis no auditório da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás e de Biometano), na zona sul da capital paulista.
O pedetista diz não querer ser "irresponsável" e afirma que Bolsonaro representa uma "ameaça de aprofundamento da crise". "Eu preciso ajudar [o povo] a entender que essa é uma ameaça real, contundente e grave."
Ao contrário do possível adversário, o ex-governador do Ceará diz que terá ministros políticos. "O sistema presidencialista exige que os ministérios sejam para além de uma ferramenta institucional de formulação e execução de políticas públicas, mas sejam também mediadores no grande entendimento da política nacional para que as políticas públicas se viabilizem."
Ciro afirma que a política como norteadora da formação ministerial é necessária para negociar no Parlamento os projetos de seu governo. Essas escolhas dependerão, segundo ele, da força política de suas alianças no Congresso.
"Se houver uma fragmentação absoluta do Congresso, e eu quero cumprir os compromissos com o povo, vou precisar negociar. É da absoluta naturalidade da política que as negociações se façam com participação das pessoas no governo. O que não pode é lotear o governo com bandido", argumentou.
O pré-candidato disse, no entanto, que o posto mais alto no Banco Central deverá ser ocupado por um acadêmico. "O Banco Central não pode ser mais um espaço de passagem para pessoas interessadas em ganhar dinheiro no sistema privado", afirmou.